Comunicação em evento científico
A Coabitação em Portugal – a análise da diversidade
Filomena Santos (Santos, Filomena);
Título Evento
Actas da Conferência Internacional “Family, Diversity and Gender”, 9-13 Setembro, Lisboa/ ISCSP: Associação Internacional de Sociologia (ISA Research Committee on Family) (CD-ROM).
Ano (publicação definitiva)
2008
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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Abstract/Resumo
Na investigação que conduziu a uma dissertação de doutoramento, procurámos articular diferentes perspectivas teóricas, baseando-nos, quer nos autores que colocam a ênfase nas dimensões simbólicas e comportamentais do fenómeno de coabitação relacionadas com a mudança social e de valores nas sociedades contemporâneas, nomeadamente no que se refere ao movimento de desinstitucionalização do casamento (Bozon, 1991a; Roussel, 1987 e 1989), de privatização (Ariès, 1973; Shorter, 1977) e individualização da vida social e familiar (Beck e Beck-Gernsheim, 1995; Elias, 1993; Giddens, 1992), característicos da modernidade, quer naqueles que têm tentado mostrar a diversidade do fenómeno, ligando diferentes perfis ou tipos de coabitação com classes sociais e/ou subpopulações específicas (Aboim, 2005; Bawin-Legros, 1988; Smart e Stevens, 2000; Villeneuve-Gokalp, 1990). Através de uma metodologia qualitativa que teve com suporte empírico 48 entrevistas em profundidade, realizadas, na sua maioria, na região da grande Lisboa, descobrimos oito perfis de coabitação conjugal: a coabitação moderna, circunstancial, de noivado, masculina, de transgressão, de tradição, instável e de experimentação. A presente comunicação tem como objectivo identificar os traços principais associados a cada perfil e apresentar algumas conclusões sobre a coabitação na sociedade portuguesa, nomeadamente quanto à pluralidade de significados, contextos, percursos e dinâmicas da conjugalidade conectados com a coabitação. Os resultados mostram que também na coabitação, tal como no casamento, há perfis muito variados de organização conjugal. O modo como se fabrica a coesão do casal e da família, dando lugar a quotidianos mais fusionais ou mais autónomos, a práticas rotineiras mais igualitárias ou menos igualitárias do ponto de vista da divisão conjugal dos lazeres e do trabalho (doméstico e profissional), estão, como sugerem outros estudos, mais dependentes das grandes variáveis sociais, como o nível de educação e a situação de classe, do que do estatuto formal ou informal da conjugalidade. Quanto à ideia de que a coabitação está associada a expectativas mais elevadas de autonomia e liberdade, esse é um pressuposto válido para uns mas não para todos. No plano simbólico, a coabitação de recorte transitório («circunstancial», «noivado» e «experimentação») inclui geralmente, tanto para os homens como para as mulheres, expectativas e aspirações mais elevadas, bem como normas mais flexíveis de liberdade e autonomia pessoal. É como se o amor e a liberdade individual fossem conciliáveis através da coabitação mas deixassem de o ser a partir do momento em que se transita para uma união institucionalizada. Na coabitação pré-nupcial, socialmente mais heterogénea, o casamento simboliza ainda uma mudança de estatuto entre a condição de solteiro, ou solteira, jovem, sem filhos e a condição de adulto (casado/a) com responsabilidades familiares. Em contraste, os entrevistados do perfil moderno, recrutados nos meios mais diplomados, não têm representações diferenciadas acerca da coabitação e do casamento. Nestes, é possível observar uma dupla desvinculação entre, por um lado, casamento e entrada na conjugalidade e, por outro, entre casamento e entrada na parentalidade que traduz uma forte desafectação face à instituição matrimonial.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
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