Partindo do ensaio seminal From faktura to factography (1984) do historiador de arte Benjamin H. D. Buchloh, e referenciando a exposição Archivo Universal. La condición del documento y la utopia fotográfica moderna (2008), a presente comunicação propõe-se revelar a fotografia como instrumento documental, como meio discursivo e como dispositivo poético operativo da cultura urbana e arquitectónica em contexto do século XX. Para o realizar tomaremos como ponto de partida as paradigmáticas exposições: Staatliches Bauhaus, Weimar: 1919-1923 (Weimar, 1923); Modern Architecture: International exhibition (New York, 1932, MoMA); Architettura rurale italiana, (Milão, 1936, VI Triennale Milano); Brazil Builds: Architecture New and Old 1652-1942 (New York, 1943, MoMA); 15 anos de Obras Públicas 1932-1947 (Lisboa, 1948, IST); Architecture without architects: A Short Introduction to Non-Pedigreed Architecture, (New York, 1964, MoMA), procurando desvendar mecanismos e significados da exibição do corpo urbano e arquitectónico. Nestas exposições para além do potencial performativo e persuasivo da fotogenia das cidades e das arquitecturas fixadas nas fotografias públicas percorridas pelos itinerários do olhar dos visitantes, destacaremos a ampliação desse dispositivo de visão dinâmica, simultaneamente imagético e documental, através das fotografias impressas nos catálogos das respectivas exposições. Afirmando e sublinhando o papel da fotografia na formação de consciências patrimoniais e na construção de valores identitários, será ainda nosso propósito por meio de um estudo comparatista, dar a ver – a partir do esquema apresentado – como a fotografia foi interrogante e matricial na construção da cultura urbana e arquitectónica do século XX.

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