Comunicação em evento científico
Das macro às microabordagens: a análise concetual de movimento social
Cristina Nunes (Nunes, C.);
Título Evento
VIII Congresso Português de Sociologia
Ano (publicação definitiva)
2014
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
A partir da noção de movimento social avançada pelas teorias da mobilização de recursos, do processo político e dos novos movimentos sociais, pretende-se traçar os diferentes caminhos analíticos percorridos nos estudos dos movimentos sociais e da ação coletiva. Esta discussão parte da hipótese de que, ao longo das últimas décadas, à medida que as abordagens macroestruturais foram dando lugar a contributos mais centrados nos processos e nas características microssociais dos movimentos sociais, o debate em torno do conceito de movimento social poderá ter perdido a importância assumida pelas análises dos anos 60 e 70. Estas ficaram consagradas no que se convencionou apelidar de paradigmas norte-americano e europeu e até às décadas de 80-90 foram observados como antagónicas. A partir de então passaram a ser perspetivadas como convergentes na análise de diversos fatores, nomeadamente na conceção face à noção de movimento social - analisado como um tipo de ação peculiar, distinto de outras formas de ação coletiva, que apenas se realiza ante a junção de determinadas condições. A partir do final da década de 90 destacam-se as pesquisas que sublinham a importância da subjetividade identitária ou da experiência pública do self (McDonald, 2004, 2006) e até mesmo da importância das emoções nos protestos das sociedades atuais (Goodwin, Jasper e Poletta 2000; Jasper, 2012). À medida que as diferentes análises se movem de uma vertente macroestrutural para uma mais microcultural (Jasper, 2012), a análise do significado concetual de movimento social e de novas propostas sobre a sua definição parecem ir perdendo centralidade nas abordagens sobre os movimentos sociais. Mas se este é o ‘estado da arte’ da sociologia norte-americana e de alguns países europeus, não se pode afirmar que o mesmo corresponda à condição da sociologia portuguesa. Um dos factores que mais tem contribuído para o hiato entre as pesquisas internacionais e as nacionais tem sido o facto de a sociedade portuguesa ter sido caracterizada como portadora de níveis de mobilização baixos que conduzem a formas de protesto e de participação cívica e política frágeis. No entanto, com o surgimento dos chamados protestos anti-austeridade intensificou-se o interesse sobre o estudo dos movimentos sociais que permite animar um novo período de debates. Com base na análise de conteúdo a entrevistas realizadas a activistas e a documentos por si produzidos, a presente proposta terá também como finalidade pensar os eventos recentes à luz dos contributos teóricos internacionais das últimas décadas. Será que as conceções de movimento social desenvolvidas no âmbito da teoria dos novos movimentos sociais ou do processo político ainda serão pertinentes para compreender e explicar os protestos ocorridos recentemente na sociedade portuguesa? Ou estarão estes mais próximos das análises microssociológicas?
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
paradigmas teóricos, movimentos sociais