Comunicação em evento científico
A Misericórdia de Setúbal nos primeiros anos da República – Administração Republicana da Assistência
Daniela dos Santos Silva (Silva, Daniela);
Título Evento
Encontro de Estudos Locais do Distrito de Setúbal
Ano (publicação definitiva)
2011
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
As Misericórdias Portuguesas foram as instituições, que não estando sob tutela da Igreja mas sim do Estado Central português desde a sua fundação em 1498 com a Casa de Lisboa, foram por ele adaptadas e reformuladas ao sabor das mudanças politicas, culturais e sociais. Facto é que nunca foram extintas. Seria de esperar que com um republicanismo radical e anticlerical, estas instituições fossem de imediato desmanteladas e os seus bens incorporados pelo Estado, contudo, a República surpreende, as Misericórdias permanecem e em muitos casos assumem outras designações, como foi o caso da Misericórdia de Setúbal. Os Irmãos da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Setúbal desde 1499 são, após 1912, os Sócios da Associação de Beneficência da Misericórdia de Setúbal. Os agentes do poder local viam nestas Mesas Administrativas, palcos de acção e visibilidade políticas, bem como adquiriam um importante capital social que de outra forma, não o conseguiriam obter. Em 1910, a Misericórdia de Setúbal administra um Hospital desde 1566, e uma casa de Asilo para mulheres, fruto de uma doação, desde 1899. Após o 5 de Outubro, o Governo Civil de Lisboa, na primeira oportunidade, dissolve a Mesa dirigida pelo conservador António Joaquim Correia, e no seu lugar, coloca o republicano António José Marques. Em 1912 depois de alterados os Estatutos, considerava-se a partir daqui alheia a assuntos políticos e religiosos, dedicada exclusivamente aos actos de assistência e beneficência. Opera-se uma laicização da caridade. Os Santos são retirados do hospital e é retirada também a Coroa Real que encima o Escudo da Misericórdia de Setúbal. Os valores da cidadania inerentes ao liberalismo oitocentista ganham novo fulgor com a implantação da república, e é essa cultura política que irá envolver todas as acções dos dirigentes da instituição. À sua volta, juntam-se homens e mulheres da ascendente elite comercial e industrial da Cidade. As colectividades e casas de espectáculo oferecem divertimentos em seu favor. Em poucos anos, a população em geral estava mobilizada em contribuir para a assistência em Setúbal. Funda-se em 1913, o primeiro Asilo para inválidos do trabalho, cujo seu impulsionador e dinamizador foi Francisco de Paula Borba, médico do Hospital da Misericórdia desde 1899 e Irmão da Irmandade desde 1902. Em 1913, o Asilo albergava 15 indivíduos, em 1920 contava 40 asilados, em virtude das várias ampliações do edifício, erigidas em nome da assistência pela benemerência local.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Santa Casa da Misericórdia de Setúbal; rituais; Práticas Assistenciais