Artigo não publicado nas atas da conferência
Músicos de Rua? Multiterritórios de uma ‘microbanda’ lisboeta
Ricardo Bento (Bento, Ricardo); Graça Índias Cordeiro (Cordeiro, Graça Índias);
Título Evento
XI Congresso da APS| Identidades ao rubro: diferenças, pertenças e populismos num mundo efervescente Territórios: Cidades e Campos
Ano (publicação definitiva)
2021
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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Abstract/Resumo
Nesta comunicação pretendemos analisar como uma ‘micro banda’ juvenil, formada “em minutos em plena rua do Carmo”, em Lisboa, “na cumplicidade de um olhar”,) se tem afirmado ao longo dos seus seis anos de existência, na cena musical lisboeta ‘de rua’. Composta por jovens músicos de Cabo Verde, Brasil, Espanha e Portugal que encontraram o seu ponto de encontro no jazz, a banda tem-se moldado através de encontros inesperados, interesses comuns e conexões institucionais múltiplas, num registo de sociabilidade e socialização musical permanente. Acompanhar o quotidiano destes jovens músicos, conhecer as suas biografias, reconstruir as suas trajetórias musicais e os circuitos em que participam, observar os lugares onde vivem e falar sobre os que imaginam, os seus projetos, os seus sonhos, as suas aspirações, permite-nos pensar as dinâmicas de ‘cidadania juvenil’ da área metropolitana de Lisboa e como acedem ativamente aos processos contemporâneos de democratização cultural e artística. Assim, é na apropriação dos fins a dar aos seus gestos, as relações e as estéticas das suas capacidades musicais nas ruas centrais de Lisboa; Rua do Carmo, Rua Garrett ou Rua Augusta que se podem antever as conexões inesperadas, os diálogos abertos com a diversidade cultural e a experiência de imaginar um sentido para o quotidiano. Na interação com a rua estes jovens músicos convivem com os fenómenos relacionados com o turismo, a multiplicidade de desconhecidos, as autoridades locais, os lugares centrais de comércio, os fluxos do consumo e do trabalho, a múltipla pluralidade das práticas sociais e dos contextos urbanos. Quem passa superficialmente pelo ambiente sonoro da música de rua ‘performada’ por estes jovens não percebe a densidade das relações de interconhecimento, redes de interesses e práticas sistematicamente ativadas que permitem mobilizar um conjunto de recursos culturais, sociais e políticos necessários à sua atuação nesta arena de interação urbana. De onde vêm estes músicos? Como se encontraram? Quem toca com quem? Como se organizam nos bastidores? Onde vivem? Como sobrevivem? Que relações com as suas audiências e em que locais se apresentam? Quais os propósitos voluntários e involuntários de agência que permeiam estas redes de interconhecimento? Acompanhar esta banda ajuda a descobrir uma cartografia simbólica que percorre os multiterritórios da cidade. A descoberta das suas improvisações musicais, no espaço público da rua, revela interstícios de lugares heterotópicos, constrangimentos e oportunidades, circuitos informais, coletivos musicais e relações com associações culturais nas quais estes músicos recriam incessantemente os seus territórios de atuação e desenvolvem as suas redes sociais. Assim, importa analisar a vida social que estes jovens músicos perseguem com as suas ações, como procuram viver a cultura dos ‘contra lugares’ que imaginam, inventando os cenários urbanos do seu quotidiano.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
músicos,rua,trajetórias musicais,multiterritórios