Esta apresentação decorre do projeto europeu Erasmus+, Space4Us, que visa promover a autonomia e a integração social de jovens raparigas em situação de vulnerabilidade, através do desenvolvimento de uma investigação, um conjunto de ferramentas, e conteúdos de formação, direcionados a profissionais que trabalhem com jovens. No âmbito deste projeto, que conta com organizações parceiras em Portugal, Espanha, Itália, Croácia, Polónia e Lituânia, está em desenvolvimento um estudo qualitativo sobre o risco e a vulnerabilidade nos trajetos de vida das jovens em contexto de acolhimento. Uma perspetiva de género e intersecional, orientada para a transformação social, enquadra esta investigação, cujos objetivos incluem: a) caracterizar as jovens participantes, realçando as suas experiências, fragilidades e recursos; b) identificar os principais preditores de vulnerabilidade e exclusão através da análise das experiências, valores e atitudes; c) identificar e examinar a discriminação e o estigma experimentados pelas jovens devido ao seu género, origem, antecedentes, condições de saúde ou estatuto residencial, entre outros; d) examinar as relações de género e poder nas experiências diárias nas escolas, instituições de acolhimento, e comunidades. O conhecimento produzido será depois incorporado em percursos formativos destinados a profissionais que integram as estruturas e respostas sociais dirigidas a jovens em situação vulnerável. O estudo utiliza metodologias participativas, permitindo que as jovens se envolvam como parceiras nas atividades, produzindo conhecimento, auxiliando na identificação de recursos e barreiras, e na criação de soluções. Nesta apresentação, daremos conta da primeira fase da pesquisa, desenvolvida entre setembro e outubro de 2022 nos 6 países envolvidos. Contando com um total de 80 participantes contemplou a realização de três técnicas: world café, focus group e poetry inquiry, procurando responder às seguintes questões: 1) que valores e crenças associam as jovens às identidades femininas? E como são as feminilidades vividas no dia-a-dia?; 2) que experiências, preocupações, necessidades e expectativas têm?; 3) que tipos de oportunidades e sistemas de apoio identificam? Discutiremos ainda como as crenças e atitudes relativas ao género por parte de educadores/as, assistentes sociais e outros/as profissionais podem perpetuar práticas que não respondem às necessidades específicas das jovens, reforçando assim os estereótipos de género.

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