A finalidade da presente reflexão passa por identificar e compreender as diferentes fases que compõem a cober-tura jornalística do complexo de incêndios de Pedrogão Grande. Nesta medida, tem-se como objeto de estudo, a cobertura realizada pelos media portugueses ao longo das duas primeiras semanas, contribuindo para o cam-po de estudo da comunicação de crise. A análise terá como eixo a linha cronológica da cobertura realizada pelos media portugueses ao longo das duas semanas subsequentes ao início do incêndio. Para operacionalizar este objetivo, realizou-se a análise de conteúdo, com uma amostra de 427 notícias. Os resultados demonstram, que não obstante um intenso interesse dos agentes mediáticos, a cobertura se pautou pela omissão das causas que estão a montante dos acontecimentos de Pedrogão Grande, nomeadamente as alterações climáticas e a desertificação do interior rural português. A principal conclusão postula que os media portugueses, embora intensamente interessados ao longo de duas semanas, não procederam à cobertura, em termos genéricos, das causas do fenómeno, contribuindo para a sua invisibilidade mediática e pública.

O autor agradece a Gustavo Cardoso e Décio Telo, respetivamente coordenador e técnico responsável pelo Barómetro de Notícias do MediaLab Iscte-Instituto Universitário de Lisboa a disponibilização dos dados que permitiram a presente pesquisa.

Incêndios florestais,Alterações climáticas,Cobertura jornalística,Política da invisibilidade,Catástrofe mediática

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