A apresentação discute como a sociologia bourdieusiana foi rececionada no Brasil e de que modo ela contribui para a problematização das relações de trabalho no país, diante de sua ainda tímida articulação com esse campo de estudos. O foco está em analisar como essa abordagem teórico-metodológica — mais comum em áreas como a sociologia da cultura — pode oferecer recursos para compreender as desigualdades materiais e simbólicas no mundo do trabalho, especialmente em contextos de transformação do capitalismo marcados pela crescente desregulação laboral. Para isso, o autor parte de sua trajetória intelectual e de pesquisa a fim de explorar como conceitos bourdieusianos, como habitus e capital, ampliam a análise de trajetórias ocupacionais e, em especial, a constituição de disposições para o trabalho e o engajamento político. Com base em estudos empíricos sobre sindicatos no Brasil e experiências do sindicalismo transnacional, a apresentação examina como as condições particulares do capitalismo periférico brasileiro implicam diferentes (in)adaptabilidades frente às recentes transformações no mundo do trabalho. Além disso, discute os usos das ferramentas bourdieusianas em um estudo sobre a informalidade que atinge trabalhadores da região Nordeste, ao tratar da precarização sob a ótica da invisibilização da desigualdade e da responsabilização individual. Por meio de uma abordagem que considera a complexidade das trajetórias sociais, defende-se que a sociologia das disposições sociais permite uma análise aprofundada dos mecanismos de reprodução das desigualdades nas relações de trabalho no Brasil contemporâneo.

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