Na sequência do aumento do fluxo de pessoas refugiadas para a Europa desde 2015, vários países implementaram uma série de mecanismos para apoiar os processos de integração destes migrantes. Foram criadas parcerias entre organismos públicos, organizações da sociedade civil e outros atores privados, designadas na literatura como “caminhos complementares”, que funcionam a par de outros programas de integração de refugiados. Uma categoria destes caminhos complementares são os designados esquemas de patrocínio privado (PSS na sigla inglesa), ou patrocínio comunitário, soluções de base comunitária que podem representar numerosos benefícios (tanto para as pessoas refugiadas envolvidas como para as respetivas comunidades de acolhimento), mas que não se encontram isentos de críticas e desafios a superar. Esta apresentação tem por base a experiência do projeto RaCIP (com financiamento pelo AMIF), concebido para reforçar as capacidades das organizações da sociedade civil envolvidas em PSS para apoiar e facilitar os processos de integração de pessoas refugiadas num conjunto de países europeus (Grécia, Itália, Portugal, França e Chipre). Tendo por base o documento de avaliação final deste projeto, elaborado com recurso a uma abordagem predominantemente qualitativa levada a cabo pelos vários parceiros envolvidos, serão descritos e analisados os principais resultados, impactos e desafios do projeto, nomeadamente as atividades realizadas entre 2022 e 2023. Estas 738 atividades desenvolvidas pelas várias organizações parceiras (em domínios como a aprendizagem da língua do país de acolhimento, auxílio no acesso à habitação, apoio à entrada no mercado de trabalho, organização de atividades desportivas, ligação com serviços públicos ou a promoção de variados encontros nas respetivas comunidades de acolhimento) envolveram um total de 2.277 pessoas (migrantes, pessoas mentoras, famílias de acolhimento, famílias de apoio e outros atores envolvidos). A análise realizada possibilita uma reflexão sociológica sobre integração de pessoas refugiadas na Europa contribuindo, dessa forma, para um melhor desenho das políticas públicas nesta área.

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