Comunicação em evento científico
Contrariando o destino social: perfis de alunos resilientes em Portugal e na Europa
Helena Carvalho (Carvalho, H.); Patrícia Ávila (Ávila, P.); Magda Nico (M. Nico); Pedro Pacheco (Pacheco, P.);
Título Evento
Congresso Português de Sociologia: 40 anos de democracia(s), Progressos, contradições e prospetivas.
Ano (publicação definitiva)
2014
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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N.º de citações: 3

(Última verificação: 2024-04-30 10:37)

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Abstract/Resumo
A importância da origem social como principal fator explicativo do sucesso educativo está bem patente na investigação sociológica, pelo menos desde o relatório de Coleman (1966). Esta relação tem sido também demonstrada em estudos internacionais e comparativos, como o PISA (Programme for International Student Assessment) (OCDE, 2010a). Não obstante, estudos como o PISA têm sublinhado também que, sendo inequívoca e forte, do ponto de vista estatístico, a relação entre origens sociais e desempenho académico, existem excepções que devem, tal como as tendências dominantes, ser objecto de análise e reflexão sociológicas: alguns alunos conseguem alcançar trajetórias escolares de sucesso em situações em que tal não seria de esperar (atendendo às condições sociais e económicas das suas famílias). Outras investigações na área da sociologia da educação, desenvolvidas principalmente nos anos 90, começaram também a chamar a atenção para a importância de estudar os alunos com percursos “inesperadamente” positivos (Feinstein and Vignoles, 2008; Lahire, 1995). No caso do PISA, a OCDE tem vindo a elaborar relatórios com o objetivo específico de explicar o sucesso desses alunos, que designa como sendo “resilientes”, isto é, alunos que têm origens sociais baixas, mas conseguem atingir desempenhos elevados em literacia (“Against the Odds, Disadvantaged Students who Succeed in School”, OECD, 2011). A presente comunicação constitui o resultado de um percurso de investigação realizado a partir do aprofundamento da análise dos dados disponibilizados pelo PISA. Usando diferentes estratégias metodológicas, o objetivo é contribuir para o avanço da investigação no domínio mencionado, analisando os alunos resilientes em países com diferentes regimes de bem-estar (Esping-Andersen, 1990), sistemas de ensino (Martins, 2012) e de desempenho em leitura (OCDE, 2010a), como Portugal, Finlândia e Alemanha. Em cada país, comparam-se os alunos resilientes com seus pares menos favorecidos através da mobilização de um conjunto de indicadores sociodemográficos e socioculturais: sexo, nível educacional dos pais, recursos culturais e recursos educativos em casa. Considera-se ainda a hipótese de certas práticas de leitura e estratégias de aprendizagem desenvolvidas por alunos poderem ter efeito de mediação entre os fatores sociodemográficos e socioculturais e a probabilidade de ser um aluno ser resiliente. Os resultados evidenciam diferenças nos efeitos dos fatores sociodemográficos e socioculturais em Portugal (mais cultural do que econômico), seguido pela Alemanha (mais econômico do que cultural). Conclui-se também que a probabilidade de ser um aluno ser resiliente aumenta com a mediação de certas práticas de leitura e estratégias de aprendizagem desenvolvidos pelos alunos.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave