Num contexto de transição para a sociedade em rede, a evolução da utilização da internet ao longo da última década em Portugal foi caracterizada por uma relação ambivalente entre dinâmicas de difusão e de desigualdade. A internet é hoje uma tecnologia domesticada no nosso dia-a-dia, embora ainda marcada por padrões de desigualdades, nomeadamente etários e educacionais. É entre as gerações mais velhas, especialmente entre os menos qualificados, que se verifica uma menor adesão às novas formas de comunicação tecnologicamente mediadas. A sua integração na sociedade em rede tem sido progressiva, dificultada por défice de competências e de predisposições. Não obstante, os seniores têm vindo a adaptar-se a esta nova modalidade de organização social que tem a internet como um elemento central. Entre 2003 e 2013, assistimos em Portugal ao aumento significativo da população com 55 ou mais anos utilizadora de internet: de 3% para 20% (Cardoso et al., 2015). Que significados tem esta progressiva, embora ainda limitada, aproximação das gerações mais velhas das tecnologias de mediação comunicacional? A influência da internet e das redes sociais na vida quotidiana é evidente. As suas potencialidades em termos de capacitação pessoal, relacional e coletiva, nomeadamente na prossecução de projetos de vida autónomos, poderão contribuir para a otimização da qualidade de vida dos indivíduos em idades mais avançadas, com impactos sociais relevantes. Com base na análise dos inquéritos Sociedade em Rede 2003 e 2013, aplicados no âmbito de um estudo realizado pelo CIES-IUL com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, e na continuidade do qual surge uma tese de doutoramento, apresentam-se alguns dados particularmente focados nos seniores, nos seus usos da internet e respetivas implicações em dimensões relevantes da sua vida. Discutem-se perspetivas de futuro quanto ao papel da internet na promoção do envelhecimento ativo e quanto ao estímulo à inclusão digital e ao direcionamento de produtos para esse segmento.

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Sociedade em rede, internet, seniores, envelhecimento ativo, inclusão digital