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Vivências e Percursos da Homoparentalidade: um Estudo de Caso. Abstract do IX Congresso Português de Sociologia “Portugal, Território de Territórios”, Secção Temática Famílias e Curso de Vida (COM 0163), 6-8 Julho, Universidade do Algarve: Associação Portuguesa de Sociologia.
Filomena Santos (Santos, Filomena); Lurdes Mendes (Lurdes Mendes);
Título Revista/Livro/Outro
Comunicação em congressos científicos nacionais com publicação de abstract em atas.
Ano (publicação definitiva)
2016
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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Abstract/Resumo
O acesso e o direito à parentalidade (biológica, adoptiva, etc) de pessoas e casais homossexuais continua a dividir a sociedade portuguesa, funcionando como uma espécie de último reduto da heteronormatividade que toma como norma ideal a família heterossexual biparental. O caso analisado mostra que ambas as mães entrevistadas, a viver em conjugalidade, estão fortemente envolvidas no projecto parental (embora apenas uma tenha adoptado as crianças devido aos entraves legais) em termos de responsabilidade parental, envolvimento emocional e qualidade da relação, dos cuidados e da educação dos filhos. Estes resultados estão de acordo com outros estudos, sobretudo, no âmbito da psicologia, que analisam, por um lado, as vivências e as competências parentais das famílias homoparentais, e por outro, o desenvolvimento infantil e o bem-estar dos filhos (Costa, 2012; Gato, 2014). “Maria”, uma das nossas mães, define-se como «mãe galinha» por ser mais paciente e cuidadosa, enquanto “Ana” parece ser mais disciplinadora e, simultaneamente, quem dedica mais tempo a brincadeiras turbulentas com as crianças. Mas neste casal os papéis parentais não são rígidos nem fixos, verificando-se uma grande partilha dos cuidados e da educação dos filhos, flexibilidade e indiferenciação de tarefas e actividades, quer instrumentais, quer expressivas. Segundo alguns autores, as funções materna e paterna não são o monopólio, respectivamente, do género feminino e masculino, estando antes relacionadas com o papel exercido pelo cuidador que por sua vez depende mais da sua personalidade do que do seu género (Rodriguez & Paiva, 2009). Nesta perspectiva, que tende também a ser a nossa, e estando a variável género como que «congelada» no interior do casal, gostaríamos de sublinhar a importância da análise das biografias individuais, das escolhas e preferências pessoais, face ao peso das estruturas de pertença e de identidade. Estará a homoparentalidade associada a modos de funcionamento familiares mais igualitários e a uma maior democracia interna? Para além da problemática em torno do «bem-estar» das crianças, esta foi também uma questão que orientou a nossa pesquisa. No caso do casal entrevistado, localizado nas chamadas classes médias diplomadas, ambas as mães pertencem a uma associação de defesa dos direitos dos homossexuais, cujo envolvimento poderá estar também relacionado com a partilha de valores e representações mais sociocentrados (acerca da educação e lugar dos filhos), e a um perfil de interacções familiares de cariz relacional, companheirista e igualitário. Tratando-se de um pequeno estudo exploratório, muitas das nossas questões necessitam de um suporte empírico mais amplo e poderão ser investigadas em futuras pesquisas que tenham como objecto famílias homoparentais femininas e masculinas, de diferentes meios sociais e com uma pluralidade de percursos, arranjos e situações familiares e parentais.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Género; Igualdade; Papéis e Competências Parentais; Bem-Estar da Criança; Percursos e Biografias Individuais; Dinâmicas Familiares; Valores; Adoção e Co-adoção