Em Portugal, a larga maioria da investigação científica é realizada em Unida- des de Investigação e Desenvolvimento (I&D) financiadas e avaliadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Estas unidades recebem fun- dos públicos e regem-se pelo Regime Jurídico das Instituições de Investiga- ção Científica. Para além das unidades financiadas pela FCT, e apesar de não haver uma fonte que concentre essa informação, existem outras unidades de investigação (mais pequenas) que também contribuem para o sistema cien- tífico e tecnológico nacional. Deste modo, as unidades de I&D apresentam- -se como actores principais no envolvimento dos cidadãos em ciência, não só porque é nelas que o conhecimento científico é produzido, mas também porque são elas que definem os contornos da comunicação e têm o poder e/ou responsabilidade de capacitar, incentivar e fornecer os recursos neces- sários à promoção da cultura científica. Contudo, e apesar da importância que o tema tem ocupado na política de ciência nacional (e internacional), até à data pouco ou nada se sabe sobre a forma como as unidades de I&D estão a envolver os cidadãos e a responder a políticas públicas de cultura científica (MASIS, 2011). É de notar que Portugal é um caso raro e excepcional pois é o único país na Europa e no mundo (à excepção da China) que tem regulamentada por lei a promoção da cultura científica. No texto que se segue, fazemos uma retrospectiva do desenvolvimento de uma política de cultura científica em Portugal enfatizando o papel das unidades de investigacao, e apresentamos dados de um estudo nacional conduzido às unidades de I&D em 2014, no sentido de perceber como estas estão a mobilizar recur- sos para o envolvimento do público em ciência. O estudo foi levado a cabo pelo ISCTE-IUL e a London School of Economics (LSE).

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