Tese de Doutoramento
"Virar Travesti": Trajetórias de Vida, Prostituição e Vulnerabilidade Social
Nélson Ramalho (Ramalho, Nélson);
Ano (publicação definitiva)
2019
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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Abstract/Resumo
Em Portugal, a população travesti trabalhadora do sexo não tem sido alvo de interesse científico, razão pela qual se mantém praticamente desconhecida. Ao não haver um real entendimento sobre ela, os discursos produzidos, na sua maioria a partir de um contacto superficial, têm favorecido a construção de imagens estigmatizantes, com consequências ao nível da sua exclusão. Por forma a contrariar esta tendência, procurou-se, ao longo de cinco anos, imergir no “mundo” das travestis para se compreender: (i) as “forças sociais” que, nas suas trajetórias de vida, ajudaram a compor e definir a experiência identitária na travestilidade, (ii) o modo como o trabalho sexual se constituiu (ou não) um elemento facilitador dessa experiência, e (iii) as situações de vulnerabilidade social a que estavam expostas decorrente da sua atividade laboral e da expressão de género e sexual manifestada. Atendendo a que os sujeitos se constroem de acordo com as interações sociais e as possibilidades (ou impossibilidades) que delas vão surgindo dentro dos contextos em que se encontram inseridos, a presente etnografia constatou que a identidade travesti estava intimamente ligada à classe social, tendo sido forjada no seio de contextos sociofamiliares precários, onde reinou a privação económica e afetiva. Porém, foram os contextos de trabalho sexual que viabilizaram e consolidaram essa possibilidade identitária, dado que eles se estruturavam como importantes agentes de socialização onde se aprendia a “ser travesti”. Nesse meio, foram encontradas diferentes formas de viver a experiência travesti, ligadas à construção da feminilidade e à «montagem» corporal, pelo que a expressão “travestilidades” permite evidenciar essa heterogeneidade, contestando as visões reducionistas que procuram fixar e essencializar as identidades. A vivência das “travestilidades” era, no entanto, produtora de situações de risco e vulnerabilidade. Diante delas, as frágeis redes sociais que as travestis possuíam, tinham dificuldade em assegurar-lhes o suporte e proteção que necessitavam, favorecendo a sua segregação, invisibilidade e exclusão social. Deste modo, os resultados da pesquisa constituem-se um caminho fértil para desafiar o Serviço Social na adoção de práticas afirmativas que permitam eliminar a opressão de género e sexual.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Género,Travestis,Trajetórias de Vida,Trabalho Sexual,Vulnerabilidade Social,Serviço Social
Registos de financiamentos
Referência de financiamento Entidade Financiadora
SFRH/BD/85042/2012 FCT