Relatório
Territórios de Desigualdade e de Bem-estar (TIWELL) - Relatório Metodológico (versão consolidada)
Rosário Mauritti (Mauritti, R); Maria do Carmo Botelho (Botelho, M.C.); Nuno Nunes (Nunes, N.); Daniela Craveiro (Craveiro, D.); Sara Franco da Silva (Silva, S. F. ); Luís Cabrita (Cabrita, L.); Paulo Neto (Neto, P.); et al.
Ano (publicação definitiva)
2020
Língua
Português
País
Portugal
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(Última verificação: 2024-05-01 20:11)

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Abstract/Resumo
Vivemos presentemente uma experiência individual e coletiva sem paralelo. Esta nossa “nova normalidade” que suspende ou, no mínimo, constrange intensamente as relações sociais e a experiência de participação nas diferentes esferas da vida social tem muito pouco de normal. A transversalidade e, em particular, o prolongamento desta situação tem efeitos profundos na forma como nos relacionamos, cada um de nós, com a nossa própria intimidade, com os contextos de proximidade e com a sociedade no seu todo. A situação geral é muito desafiante. Enquanto coletivo não temos respostas seguras quanto ao caminho a seguir num futuro próximo, que permanece muito incerto. Estudos de impacto desta experiência em diferentes segmentos da vida económica e social indicam que os efeitos da crise que se instalou poderão ir além dos que vivenciamos na sequência da recente crise financeira que despoletou em 2008, arrastando-se até muito recentemente (OECD, 2020a). Um dos efeitos mais significativos deste contexto relaciona-se diretamente com a problemática em foco na presente pesquisa: as relações entre desigualdades sociais e bem-estar das populações, contribuindo assim para lhe dar ainda maior pertinência. Estudos de acompanhamento da situação sublinham que a suspensão da vida social e de parte significativa da atividade económica, impostas por razões de saúde pública, não atingiu os territórios e as populações da mesma maneira (OECD, 2020b). Nesses efeitos, intensamente heterogéneos, da crise que se instalou, mais do que nunca, estão em evidência os mecanismos plurais e multidimensionais de desigualdade, com as suas dinâmicas interativas, de natureza cumulativa (Costa, 2012). Não partimos todos do mesmo lugar, nem temos todos as mesmas condições de reação: seja em termos de desigualdades materiais (EAPN, 2020), construídas em torno de diferentes classes e categorias sociais - por exemplo, segundo o género, a pertença étnica e/ou a idade (Mauritti et al., 2016; Costa et al., 2018; Brundell et al., 2020) ou de condições de saúde; seja em torno de desigualdades de território/localização (OECD2, 2020) ou, também, de forma mais simbólica, mas igualmente eficaz nos seus efeitos, em torno de desigualdades subjacentes a processos culturais ou mecanismos cognitivos (de identificação, estigmatização) . As respostas de política pública, entretanto operacionalizadas (OCDE, 2020b; UN, 2020), procurando conciliar o controlo da crise sanitária com uma, cada vez mais intensa, crise económica e social, embora mitiguem algumas das consequências da crise instalada, não têm conseguido reverter os seus efeitos no aumento das desigualdades e na degradação das condições de bem-estar. Neste relatório damos conta do trabalho desenvolvido pela equipa no contexto de contingência Covid-19, ao qual também nos tivemos de acomodar, em face das fortes restrições em toda a componente de atividades presenciais previstas no projeto, em particular as tarefas de pesquisa de terreno a desenvolver no âmbito dos estudos de caso. Apesar do contexto, não suspendemos a pesquisa, pelo contrário. Neste período de confinamento procedemos a uma reorientação estratégica da investigação, prosseguindo com a realização de tarefas como: 1) Revisão do modelo que enquadra a seleção de territórios a abranger nos estudos de caso e a inclusão de novas fontes de dados e indicadores. Nesta tarefa procuramos acolher sugestões avançadas no workshop de janeiro, o que permitiu uma melhoria das variáveis de segmentação dos territórios. Na sequência, a partir de análises multivariadas do sistema de indicadores de desigualdade incluídos no modelo, fizemos a seleção de seis municípios ilustrativos de contrastes territoriais de condições de vida na sociedade portuguesa atualmente: Póvoa de Lanhoso, Portalegre, Portimão, Oeiras e Mação (capítulo 2 do relatório). Concomitantemente, prosseguimos na identificação e sistematização de indicadores de bem-estar de base municipal. Esta orientação, teoricamente fundamentada, teve como principal intuito a obtenção de dados objetivos que permitam acompanhar a informação qualitativa que será explorada através dos estudos de caso (capítulo 3 do relatório; Anexo A). Foram também sistematizados os procedimentos metodológicos e operatórios a aplicar nos estudos de caso, enquadrando a análise de estatísticas nos territórios selecionados, a localização e seleção de documentos de referência para a componente qualitativa de caracterização dos territórios, a elaboração de procedimentos de observação sistemática dos espaços municipais, a ser operacionalizada através do recurso à ferramenta Google Street View (procedimento não previsto inicialmente e que resulta da adaptação ao atual contexto de distanciamento físico), bem como a elaboração dos guiões de entrevista dirigidas a stakeholders e a segmentos representativos da população local (capítulo 4 do relatório). Com base nos elementos enunciados anteriormente, foram sendo elaboradas análises sistemáticas, assistidas através de MAXQDA, que apresentamos neste relatório numa versão sintética, relativamente a cada um dos municípios representativos das configurações de territórios apuradas, e que servem de base para o desenvolvimento de estudos de caso (capítulo 5 do relatório; Anexo D). O capítulo 6 do relatório apresenta o cronograma e milestones do projeto para um cenário que prevê o termo da pesquisa em janeiro de 2021.  
Agradecimentos/Acknowledgements
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Tipo de Relatório
Relatório anual de projecto internacional
Palavras-chave
Desigualdades sociais,Bem-estar,Territórios,Sistema de indicadores