MEMORALU propõe-se a desenvolver um documentário sobre a memória das resistências armadas à ditadura em Portugal. Este trabalho académico e cinematográfico visa abordar um aspeto frequentemente negligenciado da história portuguesa–o papel e impacto da LUAR (Liga de Unidade e Ação Revolucionária), ARA (Ação Revolucionária Armada) e BR (Brigadas Revolucionárias) na luta contra o regime autoritário que precedeu a Revolução dos Cravos. Contrariando a tendência de esquecimento e desvalorização desta parcela da história, MEMORALU tem como objetivo resgatar e a memória coletiva sobre as resistências armadas, iluminando as suas motivações, desafios e o seu legado na sociedade portuguesa contemporânea. No entanto, procura executar este mesmo objetivo tendo em consideração o contexto sociopolítico e a integração estratégica da ação armada num panorama de insurreições, atentados e golpes que atravessa a história da luta de massas contra o fascismo em Portugal.

MEMORALU destaca-se pela sua natureza profundamente interdisciplinar, combinando os campos da Psicologia Social e Política, da História e da Antropologia Visual para criar um documentário que não é apenas um registro histórico, mas também uma exploração psicológica e visual da resistência à ditadura em Portugal. A Psicologia Social e Política oferece insights sobre as motivações, crenças e comportamentos de ex-militantes da luta armada, ajudando a compreender as dinâmicas subjacentes à resistência e ao ativismo político. Esta análise é complementada pela História, que fornece o contexto e a narrativa cronológica dos eventos, garantindo que o documentário seja ancorado em factos e interpretações historicamente precisos. Por fim, a Antropologia Visual permite incorporar ao conhecimento produzido formas extratextuais de experiência histórica, possibilitadas pelo recurso ao som e à imagem em movimento, permitindo não só adensar as complexidades emocionais e intersubjetivas da época, como contribuir para uma representação mais empática e visceral da mesma.

MEMORALU divide-se em duas partes. A Parte 1 envolve, numa primeira fase, pesquisa documental rigorosa em arquivos nacionais e locais, incluindo a procura de jornais, relatórios governamentais e publicações de época. Será dada especial atenção a documentos e materiais que revelem as atividades e as percepções sobre a LUAR, ARA e BR. A segunda fase será dedicada a entrevistas semi-estruturadas com ex-membros destes movimentos, historiadores, e testemunhas da época. Estas entrevistas serão complementadas por análises de conteúdo, temática e interpretação hermenêutica, proporcionando uma compreensão profunda das experiências e percepções individuais.

A Parte 2 passa pela realização do documentário que seguirá uma abordagem criativa e reflexiva, integrando as informações recolhidas na Parte 1. Será adotado um estilo narrativo que entrelaça testemunhos pessoais e análise histórica, oferecendo uma visão dinâmica e envolvente dos eventos. A edição do documentário procurará equilibrar o rigor académico com a acessibilidade ao público, utilizando técnicas de storytelling visual para ilustrar as complexidades da resistência armada. A produção também incluirá material gráfico original (e.g., mapas, infográficos) para contextualizar os eventos dentro do panorama histórico e político de Portugal. Este documentário não só pretende preencher uma lacuna significativa na historiografia portuguesa, mas também contribuir para o entendimento mais amplo da transição de Portugal para a democracia. A ênfase na LUAR, ARA e BR, entidades muitas vezes marginalizadas nas narrativas históricas predominantes, oferece uma nova perspectiva sobre os antecedentes e o contexto do 25 de Abril de 1974.

A divulgação deste projeto aos níveis académico, social e educacional é crucial para alcançar um impacto abrangente. Academicamente, o documentário serve como um recurso valioso para investigadores e estudantes nas áreas de História, Relações Internacionais, Sociologia, Psicologia e Estudos Culturais, oferecendo novas perspectivas e materiais para o estudo da resistência política e da história contemporânea de Portugal. Socialmente, ao trazer à tona relatos menos conhecidos de resistência e luta, o documentário tem o potencial de fomentar um diálogo público mais informado e matizado sobre o passado político do país, contribuindo para uma sociedade mais consciente e reflexiva. Além disso, o projeto possui um valor educacional significativo, podendo ser utilizado como material didático em escolas e universidades para ensinar sobre a história recente de Portugal, a importância da democracia e os direitos humanos, incentivando assim uma nova geração a refletir criticamente sobre o legado da ditadura e o valor da liberdade.

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