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Marques Alves, P. (2023). Dois séculos na história de Alcântara: de importante zona industrial na cidade de Lisboa à gentrificação. I Congresso Iberoamericano de História Local.
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P. J. Alves,  "Dois séculos na história de Alcântara: de importante zona industrial na cidade de Lisboa à gentrificação", in I Congr.o Iberoamericano de História Local, Plasência, 2023
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TY  - CPAPER
TI  - Dois séculos na história de Alcântara: de importante zona industrial na cidade de Lisboa à gentrificação
T2  - I Congresso Iberoamericano de História Local
AU  - Marques Alves, P.
PY  - 2023
CY  - Plasência
AB  - A história de Alcântara, freguesia situada na zona ocidental de Lisboa, remonta ao neolítico. Romanos e árabes povoaram igualmente este território, que permaneceu “fora de portas” até que com o crescimento de Lisboa nela se integra.  Alcântara deve o seu nome à palavra árabe Al-qantara, que significa “a ponte”, dado ter existido uma estrutura deste tipo sobre a ribeira que atravessa o vale alcantarense, o mais extenso de Lisboa, ponte que foi demolida aquando da construção de uma linha de caminho de ferro no século XIX. Ainda que possuindo uma localização geográfica privilegiada, é somente nos finais do século XVI que Alcântara começa a assumir alguma relevância, passando de um quase descampado a zona de veraneio da aristocracia e da elite religiosa, nela se edificando palácios e conventos, alguns dos quais ainda subsistem. Contudo, é somente em consequência do terramoto de 1 de novembro de 1755 que se verifica a primeira fixação populacional importante. Rapidamente este território iria descobrir a sua “vocação” industrial, dadas as excelentes condições naturais de que disfrutava: a ribeira – que permitia uma localização de indústrias tão necessitadas da água como fonte de energia – e a proximidade de importantes vias de comunicação: o Tejo e mais tarde o caminho de ferro.  De um período que poderemos considerar pré-industrial, há a destacar a existência de alguns fornos de cal, de uma “fábrica” de loiça, posteriormente transformada em “fábrica” de vidro, de algumas “fábricas” de curtumes e, sobretudo, da Real Fábrica da Pólvora, edificada em 1725, e mais tarde transferida para Barcarena, passando-se em Alcântara a proceder apenas à trituração da matéria indispensável ao fabrico da pólvora, o que sucedeu até à década de 30 do século XIX. Nesse século, Alcântara tornar-se-á a primeira zona industrial da cidade. Aí se localizarão grandes unidades industriais, como a Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense (fiação e tecelagem de algodão), bem como se implementarão pela primeira vez em Portugal importantes inovações tecnológicas. E nela se assistirá igualmente ao nascimento do grupo CUF, o maior grupo económico português até à revolução de 25 de Abril de 1974; da habitação operária e a algumas das primeiras manifestações do movimento operário e das formas organizativas que assume – mutualidades, associações de classe, cooperativas, coletividades. E Alcântara tornar-se-á ainda num importante polo das ideias republicanas e, posteriormente, de resistência ao salazarismo. A implantação industrial em Alcântara deu-se segundo dois eixos – um, mais antigo, seguindo a ribeira de norte para sul onde se localizavam as “fábricas” anteriormente referidas; outro, mais moderno, indo de oeste para este, paralelo ao Tejo, onde em finais do século XIX se situavam algumas das mais importantes unidades industriais não só de Lisboa, mas de todo o país. Três núcleos constituíam este último eixo. O primeiro estava especializado no sector têxtil. O segundo, nas indústrias cerâmica e química. O terceiro, era essencialmente metalúrgico. Durante cerca de um século, Alcântara permaneceu uma importante zona industrial dentro da cidade. Se, o eixo da ribeira cedo declinou, devido ao entubamento desta, primeiro em virtude da construção da linha do caminho de ferro e depois de uma via rodoviária, o segundo eixo, através de sucessivas reconversões, mudanças de ramo e modificações no interior das instalações, manteve-se fortemente industrializado até à década de 80 do século XX, altura em que se inicia um processo de desindustrialização e de gentrificação do território, a que se seguirá mais recentemente um processo de turistificação.  Recorrendo a fontes diversificadas, quer escritas quer orais, esta comunicação tem por objetivo analisar as profundas transformações socioeconómicas ocorridas em Alcântara ao longo de dois séculos, as quais tiveram importantes implicações noutros campos, nomeadamente o político.
ER  -