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Marques Alves, P. (2023). De zona industrial à gentrificação e suas implicações. Duzentos anos da história de Alcântara. VI Encontro Indústria, História e Património .
P. J. Alves, "De zona industrial à gentrificação e suas implicações. Duzentos anos da história de Alcântara", in VI Encontro Indústria, História e Património , Lisboa, 2023
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TY - CPAPER TI - De zona industrial à gentrificação e suas implicações. Duzentos anos da história de Alcântara T2 - VI Encontro Indústria, História e Património AU - Marques Alves, P. PY - 2023 CY - Lisboa AB - A história de Alcântara remonta ao paleolítico. Romanos e árabes povoaram igualmente o território, que permaneceu “fora de portas” até finais do século XIX. Ainda que possuindo uma localização geográfica privilegiada, é somente nos finais do século XVI que o sítio começa a assumir relevância, passando de um quase descampado a local de veraneio da aristocracia e da elite religiosa, vindo a conhecer algum crescimento populacional em meados do século XVIII, por ter sido relativamente poupado pelo terramoto. Alcântara veio a descobrir a sua “vocação” industrial ao longo do século XIX, tendo experienciado uma acentuada preponderância das atividades industriais desde meados desse século até à penúltima década do século XX. A implantação industrial deu-se segundo dois eixos. No primeiro, mais antigo, junto à ribeira, localizaram-se a Fábrica da Pólvora e as unidades de curtumes e de estamparia. No segundo, mais moderno, paralelo ao Tejo, situaram-se algumas das mais importantes unidades industriais não só de Lisboa, mas de todo o país. O eixo da ribeira cedo declinou, enquanto o do Tejo, graças a sucessivas reconversões e mudanças de ramo, manteve-se bastante industrializado até aos anos 80 do século XX. À industrialização seguiu-se a desindustrialização acompanhada de um processo de gentrificação. Nos locais onde antes se erigiam instalações fabris existem hoje prédios de habitação, vários deles condomínios fechados, ou edifícios dedicados a outros fins. Nos anos mais recentes tem-se assistido igualmente a um processo de turistificação, manifestado pela explosão do alojamento local e que tem levado à expulsão de moradores, alguns dos quais vivendo há décadas na freguesia, que são substituídos por turistas. Em consequência, em poucos anos, este território sofreu profundas transformações socioeconómicas demográficas e políticas. Se em 1991, o censo apurou que somente 4,6% da população residente era originária do exterior do município de Lisboa e 0,8% do estrangeiro, os dados dos Censos 2021, referem valores de 11,8% em ambos os casos. Deu-se igualmente uma profunda mudança na composição social da população. O número de trabalhadores qualificados da indústria e o de trabalhadores não qualificados da indústria e dos serviços diminuiu 12,2%, só entre 2011 e 2021. Em contraposição, o número de especialistas das atividades intelectuais e científicas cresceu 36,9% e o de representantes do poder legislativo, diretores e gestores, 29,0%. Por último, estes processos, a que se outros se adicionarão, contribuíram igualmente para importantes mudanças no campo político. O Partido Comunista Português, que geriu os destinos da freguesia entre 1982 e 2009 (em quatro de sete eleições em coligação com o Partido Socialista e outros partidos), foi nas eleições autárquicas de 2021 a terceira força política. Nas eleições legislativas de 2022 a sua votação foi de 5,7% (30,6% em 1979), atrás da Iniciativa Liberal. Em termos relativos, a perda de influência eleitoral dos comunistas na freguesia é superior à registada no concelho e distrito de Lisboa e a nível nacional. Neste estudo de caso seguiu-se uma estratégia metodológica de carácter intensivo, tendo sido utilizadas várias técnicas de observação: análise documental (foram analisadas tanto fontes primárias como fontes secundárias, incluindo webgrafia); fontes orais, em particular memórias familiares remontando à década de 1930; e recorreu-se igualmente à observação participante, na vertente da observação-participação. ER -