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Pais, Pedro Caldeira & Neto, P. (2024). As plataformas necrológicas online portuguesas como espaços de novas dinâmicas discursivas. XIII Congresso da SOPCOM.
P. M. Pais and P. M. Neto, "As plataformas necrológicas online portuguesas como espaços de novas dinâmicas discursivas", in XIII Congr.o da SOPCOM, Braga, 2024
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TY - CPAPER TI - As plataformas necrológicas online portuguesas como espaços de novas dinâmicas discursivas T2 - XIII Congresso da SOPCOM AU - Pais, Pedro Caldeira AU - Neto, P. PY - 2024 CY - Braga AB - Inserida numa investigação de Doutoramento que se debruça sobre a comunicação da morte no contexto digital, em Portugal, esta comunicação pretende expor o trabalho acerca de novas plataformas necrológicas portuguesas, em específico: i) o website necrológico «Até Sempre» e ii) páginas de Facebook de funerárias portuguesas locais, onde são publicados óbitos por parte das agências. Ambos estes tipos de plataforma detêm a característica de os utilizadores poderem reagir e comentar nas publicações obituárias, criando tanto comunidades efémeras (e.g., numa determinada publicação no Facebook), como contínuas (e.g., comunidade mais alargada de seguidores num dado Facebook de uma funerária, podendo reagir a qualquer óbito), e estabelecendo, deste modo, dinâmicas renovadas no que respeita a conceitos como memorial ou discurso de luto. A metodologia geral utilizada é a da Análise Crítica do Discurso, que permitiu elaborar um modelo que, essencialmente, olha para o discurso através, por um lado, da sua dimensão prática, com a identificação do objectivo e de referências que se manifestam no texto; e, por outro, através do significado discursivo, discorrendo, em especial, sobre o subtexto presente. Tal modelo é aplicado em dois contextos: em primeiro lugar, ao discurso produzido pelas plataformas, como é o caso do website «Até Sempre», no qual a instituição justifica a sua função e incentiva o utilizador a deixar o seu comentário na plataforma; e, em segundo lugar, ao discurso produzido pelos utilizadores, que formam, nestas plataformas, as suas próprias comunidades e produzem um discurso de luto que engloba diversas particularidades. A estrutura desta comunicação respeitará assim estas duas partes complementares. Primeiramente, pois, inicia com o discurso por parte das plataformas, cuja análise permitiu chegar a diversas considerações, como a tendência para estas comunicarem a morte eufemisticamente (e.g., “aquele que nos deixa”); o modo como é incentivado, através do seu discurso, a que o significado da vida do morto seja produzido através das memórias dos que ficam; ou ainda a evolução do conceito de mortalidade híbrida (relação, na questão da morte, entre os lados virtual e físico), já que os utilizadores que comentam nos obituários seguem o Facebook das funerárias mas conhecem o morto, provavelmente, da comunidade física, existindo assim, nestes espaços, uma relação particular entre o online e o offline. Por fim, numa última parte, tem-se então a análise aos comentários de utilizadores, através da qual se verificou, entre outras coisas, a tendência para uma linguagem mais digital (e.g., uso de emojis, memes); a propensão para uma comunicação informal, inclusivamente com uso impróprio da língua portuguesa, contrastando com a formalidade de outros espaços de luto similares; ou ainda a recorrência com que determinados utilizadores comentam em diversos obituários, independentemente de quem morre, o que sublinha o carácter mais anónimo deste tipo de espaços, apesar da constituição de uma comunidade online com raízes físicas. No geral, assiste-se assim à evolução da necrologia digital, o que contribui para a renovação de conceitos como identidade, luto e memorialização, e promove uma relação comunicacional renovada — dentro de uma dimensão digital — entre a “comunidade” e a “morte”. ER -