Exportar Publicação
A publicação pode ser exportada nos seguintes formatos: referência da APA (American Psychological Association), referência do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), BibTeX e RIS.
Vacha, A. (2024). A restituição dos restos mortais de Ngungunhane na imprensa moçambicana e açoriana. X Colóquio Doutoral ESPP.
A. Vacha, "A restituição dos restos mortais de Ngungunhane na imprensa moçambicana e açoriana", in X Colóquio Doutoral ESPP, Lisboa, 2024
@misc{vacha2024_1732200659994, author = "Vacha, A.", title = "A restituição dos restos mortais de Ngungunhane na imprensa moçambicana e açoriana", year = "2024", howpublished = "Outro" }
TY - CPAPER TI - A restituição dos restos mortais de Ngungunhane na imprensa moçambicana e açoriana T2 - X Colóquio Doutoral ESPP AU - Vacha, A. PY - 2024 CY - Lisboa AB - O dia 15 de junho de 1985, é um marco histórico moçambicano. 79 anos após a morte em Angra do Heroísmo, uma urna com alegadamente os restos mortais de Ngungungunhane, voltou à Moçambique. Depois de esperar por mais de um ano no Ministério dos Negócios Estrangeiros, a urna deixou Lisboa, à presença das máximas autoridades portuguesas. A chegada foi recebida por uma cerimônia apoteótica, uma multidão se reuniu nas avenidas de Maputo, seguindo o cortejo do magnífico caixão em madeira de jambirre, um símbolo quase sagrado. Todavia, a restituição dos restos mortais de Ngungunhane, não correspondeu apenas ao desejo de recuperação da própria história. Foi o ato conclusivo da construção do Ngungunhane como herói da resistência anticolonial. Foi também o maior evento da comemoração decenal da independência e o grande “trofeu” de Samora Machel, destinado a falecer tragicamente no ano seguinte. Apesar de alguma crítica nos jornais açorianos, a trasladação dos “ossos” reaproximou Moçambique e Portugal, virando a página e enterrando o contencioso colonial. Além disso, foi uma tentativa, tipicamente ritual, de evocar coesão nacional na altura trágica da guerra civil entre FRELIMO e RENAMO. Na imprensa, emergem recados ao regime racista sul-africano, numa reafirmação da soberania após os frágeis acordos de Nkomati (1984), considerando que a cultura changana sempre esteve presente nos dois lados da fronteira. Pela centralidade que a sepultura na terra dos antepassados desempenha na tradição africana, a impactante e polêmica restituição dos espólios, foi inspiração, nas décadas seguintes, de canções e obras literárias de nível mundial. ER -