Exportar Publicação

Lyrio, B. (2024). Entre expectativas e realidades: Portugal e Lisboa no imaginário de estudantes brasileiros no ensino superior português. XIV Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas.

B. L. Pinho,  "Entre expectativas e realidades: Portugal e Lisboa no imaginário de estudantes brasileiros no ensino superior português", in XIV Congr.o da Associação Internacional de Lusitanistas, Porto, 2024

@misc{pinho2024_1743083491700,
	author = "Lyrio, B.",
	title = "Entre expectativas e realidades: Portugal e Lisboa no imaginário de estudantes brasileiros no ensino superior português",
	year = "2024",
	howpublished = "Digital",
	url = "https://www.lusitanistasail.org/congressos/xiv-congresso-da-ail-porto-2024.html"
}

TY  - CPAPER
TI  - Entre expectativas e realidades: Portugal e Lisboa no imaginário de estudantes brasileiros no ensino superior português
T2  - XIV Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas
AU  - Lyrio, B.
PY  - 2024
CY  - Porto
UR  - https://www.lusitanistasail.org/congressos/xiv-congresso-da-ail-porto-2024.html
AB  - O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal apontou que o contingente de população estrangeira residente no país cresceu pelo sétimo ano consecutivo, atingindo um total de quase 800 mil cidadãos, sendo que os brasileiros permanecem sendo a maior comunidade, representando cerca de 30% do total (SEF, 2023). Se adicionarmos a esse cálculo a população brasileira que possui cidadania europeia (portuguesa, italiana e espanhola, sobretudo) os números chegam a cerca de meio milhão de indivíduos, como indicou o sociólogo da Universidade de Coimbra, Pedro Góis, em reportagem ao Jornal O Globo em 2022. Ao longo dos últimos anos, o governo português vem adotando uma série de medidas com o intuito de atrair essas populações para o país, como as mudanças na Lei de Estrangeiros (Decreto Regulamentar n.º 9/2018), a qual permitiu tornar mais flexível e menos burocrático os processos de entrada em Portugal. Um dos principais alvos desta nova regulamentação são os estudantes internacionais, que hoje já representam quase 57 mil inscritos em mobilidade de grau, dois quais mais de 15 mil são brasileiros (DGEEC, 2023). 
Diante destes números, e compreendo que há uma série de incoerências entre os discursos oficiais que visam promover Portugal, e principalmente Lisboa, como um centro estudantil internacional e as vivências relatadas pelos estudantes internacionais (França et al. 2021), este trabalho busca confrontar os imaginários que os estudantes brasileiros inseridos no ensino superior português possuíam sobre Portugal e Lisboa, com a realidade que eles encontraram nos diversos âmbitos da vida: estudantil, laboral, habitacional e social/ de lazer. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo ainda em andamento que está sendo realizada no escopo do curso de Doutoramento em Estudos Urbanos, associação entre o Iscte- Instituto Universitário de Lisboa e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Nossa metodologia conta com entrevistas semiestruturadas em profundidade (t= 15 até o presente momento), grupos focais (t= 3) e etnografia que vem sendo realizada desde março de 2022 na cidade de Lisboa com grupos de estudantes e ex-estudantes brasileiros que vivem na capital. 
Nossas análises preliminares permitiram compreender que antes da partida os estudantes brasileiros percebiam Portugal como um país mais seguro em comparação ao Brasil, de clima ameno e ensolarado, além de mais estável do ponto de vista político e económico (também comparado a situação que o país vinha enfrentando entre o Golpe de 2016 e a ascensão da extrema-direita e consequente eleição de Jair Bolsonaro ao poder executivo brasileiro em 2018), e que por apresentar maior estabilidade, poderia também ser um local com mais oportunidades e perspetivas do ponto de vista laboral. Tais representações contribuíram para que estes estudantes elegessem Portugal como seu novo lar. Entretanto, passados alguns anos desde que chegaram, a desilusão com os estudos, a xenofobia, os baixos salários em conjunto com o aumento geral dos preços e a crise habitacional que o país vem enfrentando recentemente, bem como a burocracia dos serviços públicos, são os principais aspetos que tem feito muitos estudantes retornarem ao Brasil ou reemigrarem para outros países europeus. Assim, apontamos a necessidade da formulação de políticas públicas que visem garantir uma maior integração dos estudantes brasileiros não somente nas instituições de ensino superior portuguesas, mas na sociedade, sobretudo no que diz respeito a maior incorporação deste grupo a postos de trabalho de melhor qualificação profissional.

ER  -