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Pais, Pedro Caldeira & Neto, P. (2025). Perfis fúnebre e necrológico portugueses no online: a proximidade e a participação local como caracterizadores da cultura da morte em Portugal. XIII Congresso de Sociologia.
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P. M. Pais and P. M. Neto,  "Perfis fúnebre e necrológico portugueses no online: a proximidade e a participação local como caracterizadores da cultura da morte em Portugal", in XIII Congr.o de Sociologia, São Miguel, 2025
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TY  - CPAPER
TI  - Perfis fúnebre e necrológico portugueses no online: a proximidade e a participação local como caracterizadores da cultura da morte em Portugal
T2  - XIII Congresso de Sociologia
AU  - Pais, Pedro Caldeira
AU  - Neto, P.
PY  - 2025
CY  - São Miguel
AB  - Com uma metodologia baseada na análise discursiva de websites necrológicos e páginas de Facebook de funerárias que publicam óbitos, bem como na análise etnográfica ao discurso de utilizadores que comentam nessas publicações, esta comunicação pretende caracterizar as culturas fúnebre e necrológica portuguesas,
nomeadamente partindo do digital e da comunicação que aí ocorre. Verificou-se em ambas as dimensões (a fúnebre e a necrológica) uma cultura próxima da noção de «localismo», em que, mesmo no online, o espaço físico se revela fundamental para a participação local. Em primeiro lugar, a cultura fúnebre e o discurso de
funerárias locais — em que comunica serviços de morte ou estabelece os propósitos da empresa — pressupõe, como observado na investigação, uma conexão forte à proximidade; a própria Servilusa — multinacional com uma comunicação digital centralizada e essencialmente uniformizada — procura manter os nomes das lojas funerárias locais aquando da sua integração, o que revela a importância do «nome familiar» para uma comunicação local e intergeracional. Ao mesmo tempo, por outro lado, é também visível uma diferença discursiva relevante entre a Servilusa e as funerárias locais independentes, em que a multinacional promove um posicionamento de liderança no mercado e de menor intimidade com o cliente. Em segundo lugar, e conectada às próprias instituições funerárias, a cultura necrológica digital portuguesa parece ser em grande parte caracterizada, actualmente, pela participação dos próprios utilizadores em websites especializados no tema ou, de forma mais efectiva, em páginas de Facebook de diversas funerárias locais, que publicam óbitos. Nestas, o discurso de luto, para além de vasto, detém uma relevante potencialidade qualitativa, promovendo caracterizações subjectivas sobre a pessoa defunta. Acima de tudo, isto revela a importância da Web 2.0 e da participação dos utilizadores no contexto da cultura obituária digital actual — e as dinâmicas de memorial promovidas por círculos secundários do morto (em contraponto com a tradicional narrativa exclusiva de círculos primários). Assim, e estabelecendo-se uma ligação entre as duas, argumenta-se que as culturas fúnebre e necrológica em Portugal —Com uma metodologia baseada na análise discursiva de websites necrológicos e páginas de Facebook de
funerárias que publicam óbitos, bem como na análise etnográfica ao discurso de utilizadores que comentam
nessas publicações, esta comunicação pretende caracterizar as culturas fúnebre e necrológica portuguesas,
nomeadamente partindo do digital e da comunicação que aí ocorre. Verificou-se em ambas as dimensões (a
fúnebre e a necrológica) uma cultura próxima da noção de «localismo», em que, mesmo no online, o espaço
físico se revela fundamental para a participação local. Em primeiro lugar, a cultura fúnebre e o discurso de
funerárias locais — em que comunica serviços de morte ou estabelece os propósitos da empresa —
pressupõe, como observado na investigação, uma conexão forte à proximidade; a própria Servilusa —
multinacional com uma comunicação digital centralizada e essencialmente uniformizada — procura manter
os nomes das lojas funerárias locais aquando da sua integração, o que revela a importância do «nome
familiar» para uma comunicação local e intergeracional. Ao mesmo tempo, por outro lado, é também visível
uma diferença discursiva relevante entre a Servilusa e as funerárias locais independentes, em que a
multinacional promove um posicionamento de liderança no mercado e de menor intimidade com o cliente.
Em segundo lugar, e conectada às próprias instituições funerárias, a cultura necrológica digital portuguesa
parece ser em grande parte caracterizada, actualmente, pela participação dos próprios utilizadores em
websites especializados no tema ou, de forma mais efectiva, em páginas de Facebook de diversas funerárias
locais, que publicam óbitos. Nestas, o discurso de luto, para além de vasto, detém uma relevante
potencialidade qualitativa, promovendo caracterizações subjectivas sobre a pessoa defunta. Acima de tudo,
isto revela a importância da Web 2.0 e da participação dos utilizadores no contexto da cultura obituária digital
actual — e as dinâmicas de memorial promovidas por círculos secundários do morto (em contraponto com a
tradicional narrativa exclusiva de círculos primários). Assim, e estabelecendo-se uma ligação entre as duas,
argumenta-se que as culturas fúnebre e necrológica em Portugal —em grande parte existentes e
dinamizadas, hoje, no online — parecem depender da própria ligação à localidade e ao espaço físico; e que
o papel dos utilizadores e a sua capacidade e desejo de participação vieram reformular a forma como os
círculos do morto o lembram e imaginam. Deste modo, por muito que o digital tenha ganhado relevância, a
morte parece revelar-se fundamental no próprio processo físico da proximidade, o que vem reafirmar a
importância da morte como fenómeno eminentemente social, e desafiar, neste contexto, noções acerca da
ligação entre o digital (com a sua dimensão «global») e o físico, por natureza mais restringido e localizado - em grande parte existentes e dinamizadas, hoje, no online - parecem depender da própria ligação à localidade e ao espaço físico; e que o papel dos utilizadores e a sua capacidade e desejo de participação vieram reformular a forma como os círculos do morto o lembram e imaginam. Deste modo, por muito que o digital tenha ganhado relevância, a morte parece revelar-se fundamental no próprio processo físico da proximidade, o que vem reafirmar a importância da morte como fenómeno eminentemente social, e desafiar, neste contexto, noções acerca da ligação entre o digital (com a sua dimensão «global») e o físico, por natureza mais restringido e localizado.
ER  -