Exportar Publicação
A publicação pode ser exportada nos seguintes formatos: referência da APA (American Psychological Association), referência do IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), BibTeX e RIS.
Pais, Pedro Caldeira & Neto, P. (2025). A cultura participativa da morte. XIII Congresso de Sociologia.
P. M. Pais and P. M. Neto, "A cultura participativa da morte", in XIII Congr.o de Sociologia, São Miguel, 2025
@misc{pais2025_1764937366605,
author = "Pais, Pedro Caldeira and Neto, P.",
title = "A cultura participativa da morte",
year = "2025"
}
TY - CPAPER TI - A cultura participativa da morte T2 - XIII Congresso de Sociologia AU - Pais, Pedro Caldeira AU - Neto, P. PY - 2025 CY - São Miguel AB - Esta comunicação discute e procura compreender o papel da morte na proximidade física, a função do digital e de que forma pode existir uma maior integração da morte nas proximidades locais em Portugal. Metodologicamente, utilizou-se a Análise Crítica do Discurso, aplicada ao discurso online de perfis institucionais (funerárias e websites necrológicos); e a Etnografia, focada nas dinâmicas comunitárias de utilizadores em obituários de páginas de Facebook de funerárias locais. Procura-se aqui interligar dois conceitos: a «cultura participativa» da morte e o papel da proximidade comunitária. Mais associada a participação cívica, assiste-se em Portugal, porém, a uma cultura participativa relevante (em termos quantitativos e qualitativos) de utilizadores que comentam em obituários online das funerárias locais, e que o fazem, por um lado, através de condolências comuns e, por outro, por via de comentários com maiores detalhes subjectivos, que caracterizam a pessoa defunta. Contrastando com obituários tradicionais, nos quais os textos narrativos de círculos próximos se revelavam fundamentais na concepção da pessoa na memória colectiva (Fowler, 2007), assiste-se, nestes espaços da Web 2.0, à aparente transferência desse tipo de narrativas sobre o morto para círculos secundários do mesmo, pertencentes à proximidade. Por outro lado, e tendo em conta este potencial, tais espaços parecem revelar-se também discursivamente imprevisíveis (e.g., alheamento de utilizadores quanto ao contexto delicado do obituário), em que a mediação do digital — entre outras características limitadoras, como os algoritmos — promoverá desresponsabilizações no discurso de luto de alguns dos utilizadores. De modo a reflectir sobre uma renovada relação entre indivíduos e morte, argumenta-se assim que, existindo apropriação social do digital por parte de elementos da proximidade (revelando a intenção de participar no discurso de luto), poderá ser importante repensar, também, uma reintegração física da morte na proximidade, que contrastaria com processos de intermediação de serviços que foram afastando a família e as proximidades (Ariès, 1974). Tal poderia ocorrer através da aproximação dos indivíduos a processos de gestão fúnebres não institucionais, com uma participação mais activa de elementos dos círculos primários e secundários do morto, exigindo a reformulação da relação actual entre funerárias (instituições) e indivíduos (localidades), que teriam de dividir responsabilidades e gestões relativamente à morte — reintroduzindo dinâmicas não apenas de maior partilha comunitária, mas de uma participação mais efectiva da mesma. ER -
English