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@null{pereira2009_1732209917975, year = "2009", url = "http://hdl.handle.net/10071/7433" }
TY - GEN TI - Casta, tribo e conversão: os Gaudde de Goa AU - Pereira, Cláudia PY - 2009 UR - http://hdl.handle.net/10071/7433 AB - Durante o colonialismo português em Goa houve um processo sistemático de conversão a que podemos chamar de mimético, já que, desde o século XVI, ao se converterem as castas da elite, os Brâmanes, se esperava que as outras castas os emulassem. A excepção a este princípio foi o grupo dos Gaudde, que ao longo do tempo se dividiu em três castas: hindus, católicos e neo-hindus (Gaudde católicos, que se tornaram hindus em 1928). No contexto da sociedade indiana, os Gaudde de Goa apresentam uma dualidade classificatória: socialmente, seguem a organização da “casta”, mas foram reconhecidos em linguagem administrativa como uma “tribo” devido às regalias económicas e educacionais que este estatuto lhes concede. Os próprios afirmam ser os primeiros habitantes deste estado, tal como descrito pela literatura produzida durante e após o colonialismo português – o que foi traduzido como “tribo”. Um outro aspecto menos estudado do colonialismo português é a resistência invisível que os Gaudde efectuaram e a pertinência contemporânea deste passado. A sua contestação revelou-se através da manutenção em segredo das suas canções, danças e rituais, proibidos pela igreja católica por serem “não-católicos”. Este dado relaciona-se com a vivência local do catolicismo entre os Gaudde e sua articulação com o hinduísmo e o culto a entidades territoriais, resultantes do processo singular da conversão em Goa. As letras das suas canções têm de ser lidas à luz da lógica ritual hindu, embora os nomes de deuses tenham sido substituídos por santos católicos, adquirindo hoje um novo significado com a sua canalização para o turismo.// Portuguese colonialism in Goa carried out a systematic process of conversion that we could call mimetic, in the sense that by converting the higher castes, the brahmanes, it was hoped that the other castes would emulate them. Exceptions to this principle were the Gaudde, an original group that over time split into three different castes: the Hindus, the Christians and the Neo-Hindus (Christian Gaudde who became Hindu in 1928). Further specificities regarding the Goan Gaudde are important to understand their cultural practices and representations, and their sociological duality. Indeed, socially they follow the caste organization; however, administratively they are classified as a Scheduled Tribe, due to the economical and educational benefits of this status. The Gaudde affirm to be the first inhabitants of Goa, as depicted both by Portuguese colonialism and by postcolonial literature – which was translated as synonymous with a tribal group. Another less known aspect of Portuguese colonialism is the invisible resistance of the Gaudde and its contemporary relevance. Their resistance has developed through the maintenance of their songs, dances and rituals in secret because they were forbidden by the Catholic Church for being "non-Catholic". This is due to the local experience of Catholicism among Gaudde and its relationship to Hinduism and the worship of territorial entities, resulting from the peculiar process of conversion in Goa. The lyrics of their songs have to be read in the light of Hindu ritual, although the names of gods have been replaced by Christian saints, acquiring nowadays a new meaning with their repositioning towards touristic audiences. ER -