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Guerreiro, M. & Guarda, I. (2016). Do conteúdo social do espaço e do património como recurso escasso. In Marluce Menezes, José Delgado Rodrigues, Dória Costa (Ed.), Congresso Ibero-Americano "Património, suas Matérias e Imatérias" : livro de resumos. Lisboa: LNEC.
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M. R. Guerreiro and I. V. Guarda,  "Do conteúdo social do espaço e do património como recurso escasso", in Congr.o Ibero-Americano "Património, suas Matérias e Imatérias" : livro de resumos, Marluce Menezes, José Delgado Rodrigues, Dória Costa, Ed., Lisboa, LNEC, 2016
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TY  - CPAPER
TI  - Do conteúdo social do espaço e do património como recurso escasso
T2  - Congresso Ibero-Americano "Património, suas Matérias e Imatérias" : livro de resumos
AU  - Guerreiro, M.
AU  - Guarda, I.
PY  - 2016
CY  - Lisboa
UR  - http://patrima.lnec.pt
AB  - Os lugares que hoje funcionam para a comunidade, para o ambiente e para a economia estão sistematicamente a produzir as culturas espaciais que serão a herança das gerações futuras. Muitos destes lugares são anónimos, pouco valorizados e até mesmo marginalizados pelas entidades públicas como é o caso de alguns bairros informais de carácter emergente e espontâneo. Só com o passar do tempo, quando fica em causa a memória coletiva do lugar, é que alguns destes espaços são reconhecidos como herança cultural.
O património é um recurso escasso. E diariamente assistimos à perca desse património: comunidades e habitats demolidos para a construção de novas urbanizações, terramotos que arrasam cidades históricas, etc. Podemos desenvolver novas cidades muito apelativas, no entanto, a criação do processo cultural dos lugares que se converta em património físico e imaterial leva tempo, pelo que se torna num bem escasso. Por isso, devemos ter muito cuidado com a forma como planeamos os lugares, não só para faze-los funcionar hoje, mas também porque eles constituem o nosso património futuro.
O espaço joga um papel importante no modo como vivemos as cidades tendo consequências diretas na nossa vida social, porque oferece as condições que predeterminam os padrões de movimento, encontro ou restrição. Por outras palavras, a materialidade do ambiente construído é um mecanismo de produção da vida social e do significado social.
O espaço cria economia e sociedade. O padrão espacial que usamos para construir as nossas cidades é o principal médium que temos para gerar uma nova economia e criar comunidade e as conexões que criam a sociedade. Isso acontece pelo modo como o espaço agrega as pessoas e lhes permite comunicar e transacionar.
No entanto, este padrão é invisível a olho nu. Está codificado. Não é geométrico, mas sim topológico. É necessário descodifica-lo e consequentemente permitir a sua reprodução no planeamento dos novos espaços urbanos que constituirão o património das gerações futuras.
Acreditando que os espaços com vida têm qualidades físicas particulares que influenciam diretamente o comportamento humano, existe desde os anos 1970 um grupo de investigadores na UCL em Londres que providenciaram um método conceptual e empírico para avaliar o modo como o ambiente físico - espacial desempenha um papel fundamental no funcionamento urbano do lugar. O método conhecido por sintaxe espacial ou lógica social do espaço foi desenvolvido em grande medida por Bill Hillier e Julienne Hanson cuja pesquisa analisa a relação entre espaço físico e a vida social, ou mais precisamente, "o conteúdo social da padronização espacial e o conteúdo espacial dos padrões sociais" (Hillier & Hanson, 1984 pp . x - xi). Este trabalho considerado por alguns por “determinismo ambiental” parece fornecer provas irrefutáveis de que o layout espacial específico de uma solução contribui para o tipo de lugar e comunidade em que esse aglomerado se torna.
A sintaxe espacial é um campo de análise da dimensão espacial da cidade: as ruas e as praças pelas quais passamos e o modo como o espaço e os padrões espaciais permitem aos indivíduos manter contacto uns com os outros de modo a formar uma sociedade. É uma forma de estudar a cidade de modo a entender o processo social e espacial ao longo do tempo.
O aspeto mais bem conhecido da sintaxe espacial é o seu conjunto de métodos e técnicas para analisar padrões espaciais ou configuração espacial no ambiente construído. Estes métodos e técnicas descodificam estruturas espaciais invisíveis na cidade, relacionando-as com o modo como as pessoas se movimentam, param e interagem e consequentemente formam comunidades e culturas espaciais.
Neste trabalho iremos desenvolver alguns destes métodos aplicados ao estudo de comunidades locais na Área Metropolitana de Lisboa como é o caso da Cova do Vapor – Almada. Serão exploradas as técnicas de análise axial e segmentos (que analisam padrões de malha urbana), a análise de visibilidade ou isovistas (que analisam padrões de visibilidade nos espaços públicos) e análise de agentes (que criam ambientes virtuais preenchidos por agentes pedestres com uma visão frontal limitada).
O objetivo desta investigação é refletir e discutir o património cultural nas suas componentes materiais (espaço físico) e imateriais (comunidade) através da aplicação dos métodos da sintaxe espacial. Revelando os padrões de configuração espacial presentes em aglomerados urbanos informais que funcionam para a comunidade, ambiente e economia locais, procuraremos chamar a atenção para os lugares anónimos de hoje que podem constituir a herança patrimonial das gerações do futuro.
ER  -