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Anabela Pereira (2014). Da corporeidade entre corpos: liminaridade vs. continuum na performance. Sinais de Cena. 22, 102-106
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A. D. Pereira,  "Da corporeidade entre corpos: liminaridade vs. continuum na performance", in Sinais de Cena, no. 22, pp. 102-106, 2014
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TY  - JOUR
TI  - Da corporeidade entre corpos: liminaridade vs. continuum na performance
T2  - Sinais de Cena
IS  - 22
AU  - Anabela Pereira
PY  - 2014
SP  - 102-106
SN  - 1646-0715
UR  - http://revistas.rcaap.pt/sdc/index
AB  - A performance, arte do corpo, inscrita em cruzamentos híbridos desde a sua origem, apresenta os seus limites, a partir da substância corpórea e, inerentes aos processos que conduzem às suas configurações, delineando interstícios de passagem, de transição, de confluência entre corpos. 
Esta comunicação incide numa reflexão sobre a corporeidade do performer e do espectador, a partir de diálogos com diferentes áreas do saber, como a arte, o corpo e a sociabilidade e, da observação dos padrões de interacção, na performance, como princípio metodológico. Pensa-se o sentido da corporeidade a partir da interdependência entre corpo-do-performer e corpo-do-espectador, com as respectivas implicações no espaço e sobre a configuração da obra, particularmente, na criação de zonas de inquietação, cisão ou confronto, campos de tensão ou transitoriedade, produzidos nas relações e na continuidade dialógica entre estes dois elementos estruturais da acção.
A liminaridade perceptiva entre corpos na performance gera improvisos a partir da presença e dentro dos limites desses mesmos corpos, impondo uma circularidade entre ambos. Esta é responsável pela obra enquanto produto final e, pelos sentidos da corporeidade que caracterizam o estado performativo do corpo em interacção. Enfatiza-se, assim, a importância de uma interacção específica centrada na corporeidade, com a actuação performativa do corpo do performer focalizada na percepção, sensação, expressão e memória corporais, e na ampliação dessa experiência e agenciamento de sentidos ao corpo do espectador, como uma continuidade integrante da obra – o performativo é uma construção dramática e contingente de sentido, observada na complexificação e ampliação da sua especificidade, decorrente da utilização do corpo do performer num continuum com o corpo do espectador. 
No campo da performance, a fronteira da corporeidade focaliza ambos os corpos no espaço para inquietar as inter-relações entre estes dois elementos. E, encontra o tempo potencializado no corpo do performer, no movimento, na recriação e no devir, movendo-se entre polaridades – eu/outro(s). Trata-se de uma criação processual, que se desdobra em episódios de intensidades e fluxos corporais e subjectivos entre corpos, com temporalidades que intercalam círculo e devir, memória e reflexão, incorporação e excorporação. Neste acontecimento vivencia-se um espaço-tempo liminar, onde novas possibilidades existenciais são elaboradas. O corpo do performer estabelece devires e metamorfoses, transforma-se para outras existências, de encontro aos poderes do inconsciente e à criatividade imanente do espectador, ao universo imaginário de mitos pessoais e colectivos. Na extensão performativa dos corpos o simbólico é actualizado, irrompe a matéria e numa performance-acção desloca o espectador do lugar de mero observador para participante na construção da obra, estabelecendo uma continuidade entre as duas presenças, num campo particular de sentido. 

ER  -