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Silva, Daniela (2017). “A Cidade e a Dádiva Assistencial – Mecanismos de visibilidade e integração sociais. Setúbal, 1913”. Congresso Internacional AS CIDADES NA HISTÓRIA – SOCIEDADE.
D. D. Silva, " “A Cidade e a Dádiva Assistencial – Mecanismos de visibilidade e integração sociais. Setúbal, 1913”", in Congr.o Internacional AS CIDADES NA HISTÓRIA – SOCIEDADE, GUIMARÃES, 2017
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TY - CPAPER TI - “A Cidade e a Dádiva Assistencial – Mecanismos de visibilidade e integração sociais. Setúbal, 1913” T2 - Congresso Internacional AS CIDADES NA HISTÓRIA – SOCIEDADE AU - Silva, Daniela PY - 2017 CY - GUIMARÃES UR - http://ch.guimaraes.pt/ AB - De forma geral, as misericórdias portuguesas chegam à contemporaneidade com certas especificidades que as tornaram originais na Modernidade. Designadamente, a sua posição hegemónica na rede nacional confraternal, a sua disseminação por todo o território nacional com um programa comum, a sua composição social e seus significados, bem como a sua vocação assistencial e simultaneamente espiritual. Assim, no longo período da Monarquia Constitucional, entram em cena novos valores e atitudes que influenciaram a sua regulamentação, funcionamento e entendimento perante o colectivo português tanto que, no início do séc. XX, emerge uma tomada de consciência comum, com um projecto de natureza e fins também comuns, em que estas instituições, pelos seus corpos sociais, anunciam também a consciência do seu peso político na negociação e lugar perante a cena política governativa. A Misericórdia de Setúbal tem, no entanto, uma cronologia própria no que se refere ao período da Monarquia constitucional, e só se dá uma viragem clara no seu interior para a contemporaneidade, através da via assistencial que será inicialmente praticada como caridade privada proveniente da elite urbana que lhe está associada, para depois se amplificar com a I República. Alterando o seu nome e sua natureza jurídica para Associação de Beneficência, legitima assim, a presença de um novo corpo social e de novos princípios. De um asilo que fundou em 1913 faz a sua bandeira republicana da assistência local, e consegue mobilizar todo um colectivo em seu favor. Agora não são só as elites a participarem, mas sim um corpo heterogéneo que compreendia o operário, o político, o industrial, a senhora de chapéu e a mulher do povo, tal como são descritos pela imprensa da época. A celebração da assistência assume nova forma, despojada de qualquer resíduo de espiritualidade institucional, tornando-se estritamente civil e cívica, na medida em que, até 1915 a caridade não fará parte dos discursos, mas sim novos conceitos como a beneficência e assistência públicas. A celebração da prática assistencial adquire o carácter de espectáculo público, mobilizador, colectivo e heterogéneo. O Asilo Bocage (para inválidos do trabalho) foi a síntese, o modelo e a bandeira de toda a assistência urbana centrada na Misericórdia. É em seu redor que a assistência e beneficência privadas se congregaram, particularmente através da rede de indivíduos que compunham a gerência da instituição, demonstrando uma consciência mútua de responsabilidade civil perante os merecedores de auxílio – em harmonia com o que estava prescrito na lei de 26 de Maio de 1911, e outros ideários político-sociais. Com esta apresentação, pretende-se demonstrar (qualitativa e quantitativamente) porquê e como é que a celebração da assistência, pública e festiva, foi fundamental para a prática assistencial local, que por criarem novos mecanismos de visibilidade, permitiram-se sociabilidades e participação colectivas heterogéneas acessíveis às camadas populares o que antes lhes estava inacessível, pois estes eram, em sentido lato, os meros receptores da dádiva assistencial, não tendo, até aí, participação na distribuição dos recursos. ER -