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Almeida, Maria Antónia (2016). Da História à Ciência Política num percurso de precariedade. Os desafios da investigação. Experiências de pesquisa e reflexividade.
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M. A. Almeida,  "Da História à Ciência Política num percurso de precariedade", in Os desafios da investigação. Experiências de pesquisa e reflexividade, Lisboa, 2016
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TY  - CPAPER
TI  - Da História à Ciência Política num percurso de precariedade
T2  - Os desafios da investigação. Experiências de pesquisa e reflexividade
AU  - Almeida, Maria Antónia
PY  - 2016
CY  - Lisboa
AB  - Os desafios da investigação científica em Portugal são muitos e variados. Descreve-se aqui o percurso de uma licenciada em História que teve o privilégio de prosseguir uma carreira de mais de vinte anos com muitos sucessos, mas com um número significativo de revezes. 
Começando com um mestrado no ISCTE, com bolsa da JNICT, e o convite para participar em projetos de História Contemporânea no ICS, os quais constituíram a escola de investigação científica que falta numa licenciatura, tive a possibilidade de iniciar um percurso científico que incluiu um doutoramento com bolsa da FCT, um pós-doutoramento, um contrato de investigação no programa Ciência 2007, um período de desemprego de dois anos e de novo uma bolsa de pós-doutoramento. 
Este percurso científico foi marcado pela multidisciplinaridade, por experiências fascinantes de contacto social e humano com professores, atores da história, testemunhas diretas do meu objeto de estudo, ou indiretas, na consulta da imprensa e das fontes mais remotas. Vivi a emoção do trabalho de campo, da recolha das memórias orais, da consulta de arquivos públicos e privados, com toda a carga emocional que tal acarreta. Desafios éticos, metodológicos e políticos? Quando se estuda a Reforma Agrária, ou qualquer questão ligada com a transição para a Democracia e o PREC, enfrentam-se ainda os protagonistas vivos, que exigem uma tomada de posição do investigador, quando a academia exige isenção. 
Por cada bolsa e projeto aprovado tive outros tantos recusados. Mas consegui publicar toda a minha produção científica em livros de editoras conceituadas no meio académico, revistas internacionais com arbitragem científica incluídas na rede scopus, capítulos de livros importantes para os temas tratados e, quando a paciência chegou ao limite, em e.books, que acabam por ser publicações eletrónicas de larga divulgação, sem as despesas, nem os constrangimentos atualmente exigidas pelas editoras. 
Enfim, da História à Ciência Política, passando pelas biografias, pela memória oral e pelas epidemias num percurso de precariedade, consegui manter-me numa profissão que não tem o reconhecimento que merece por parte da sociedade, nem no meio académico em que está inserida. 
Os principais problemas que se colocam dizem respeito precisamente à estabilidade e duração dos contratos e bolsas. Uma investigação na área das ciências sociais e das humanidades, com recurso a pesquisas de fontes de difícil acesso, construção de bases de dados, processamento da informação e depois a reflexão sobre os resultados, que tem de ser resumida a quinze páginas a apresentar a uma revista internacional, para a qual nos é exigido um enquadramento nacional que ocupa metade do artigo, tudo isto num prazo reduzido, resulta numa investigação de menos qualidade do que seria de esperar. Ou então numa investigação que é publicada já no período da investigação seguinte, porque a bolsa para aquela já acabou. Isto exemplifica os principais problemas do trabalho de investigação em Portugal em regime de precariedade e sem qualquer continuidade entre projetos, bolsas, contratos e sem a estabilidade necessária para uma investigação de maior densidade temática. 
Qual foi o meu papel no processo de produção de conhecimento? Parece-me que foi significativo, já que fui citada em artigos e livros importantes nas áreas temáticas que desenvolvi e fui convidada para conferências internacionais. Quando fui avaliada em concursos essas situações foram valorizadas? Definitivamente não. 

ER  -