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Almeida, Maria Antónia (2019). A nova paisagem rural portuguesa e o trabalho na agricultura superintensiva. Congresso Internacional Da Escravidão ao Trabalho Digno. Nos 150 anos da abolição da escravidão em Portugal e nos 100 anos da criação da OIT.
M. A. Almeida, "A nova paisagem rural portuguesa e o trabalho na agricultura superintensiva", in Congr.o Internacional Da Escravidão ao Trabalho Digno. Nos 150 anos da abolição da escravidão em Portugal e nos 100 anos da criação da OIT, Lisboa, 2019
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TY - CPAPER TI - A nova paisagem rural portuguesa e o trabalho na agricultura superintensiva T2 - Congresso Internacional Da Escravidão ao Trabalho Digno. Nos 150 anos da abolição da escravidão em Portugal e nos 100 anos da criação da OIT AU - Almeida, Maria Antónia PY - 2019 CY - Lisboa UR - https://congressoescravidaoetrabalhodigno.wordpress.com AB - O mundo rural português teve uma evolução dramática desde a década de 1960, quando os jovens abandonaram as suas terras de origem à procura de uma vida melhor no estrangeiro ou nos arredores de Lisboa. Outros também o fizeram em consequência da Guerra Colonial. O despovoamento é agora irreversível em 80% da área do território português, onde vive menos de 20% da população, na sua maioria envelhecida e com enormes carências ao nível dos serviços básicos, desde a saúde, à segurança e às comunicações. Recentemente uma nova tendência invadiu a paisagem: associada ao uso da água de albufeiras construídas ainda no Estado Novo, como o Maranhão, Montargil e Santa Clara, e mais tarde o Alqueva, está a verificar-se a expansão da monocultura superintensiva de frutos vermelhos e olival. Este novo tipo de agricultura repete erros do passado, como as Campanhas do Trigo dos anos 1930, e coloca Portugal ao nível dos países dependentes da exportação de matérias-primas em especial para a China, como o Brasil e o Paraguai. As terras agrícolas estão agora na sua maioria na posse ou sob arrendamento de empresas estrangeiras que abusam dos recursos de água e usam químicos não testados, o que causa erosão genética e o fim da biodiversidade, e perigos ambientais graves, sobretudo em períodos de seca extrema. Além de destruírem o património florestal preexistente, com o arranque não autorizado de azinheiras, sobreiros e oliveiras centenárias. Contudo, mais grave é o facto de estas empresas não trazerem quaisquer benefícios às populações locais, porque não geram empregos permanentes, mas apenas sazonais, com o uso de trabalhadores migrantes, estrangeiros e ilegais, a viverem em condições desumanas, em contentores, e com condições salariais não aceitáveis num país que fez uma revolução e uma reforma agrária para, entre outros motivos, criar direitos iguais para todos os trabalhadores. Baseado em observação direta e testemunhos recolhidos em várias fontes, esta comunicação pretende denunciar situações de trabalho indigno, que não se conjugam com a visão idílica das paisagem rurais, agora adulteradas por estufas e olivais a perder de vista, onde trabalham seres humanos a quem não são concedidas condições de integração na sociedade que se pretendeu construir no regime democrático português. ER -