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Reis, Manuela (2018). Ensino de teorias sociológicas: princípios, dilemas e práticas. Simpósio O Ensino das teorias sociológicas em debate – ESPP.
M. M. Reis, "Ensino de teorias sociológicas: princípios, dilemas e práticas. ", in Simpósio O Ensino das teorias sociológicas em debate – ESPP, Lisboa, 2018
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TY - CPAPER TI - Ensino de teorias sociológicas: princípios, dilemas e práticas. T2 - Simpósio O Ensino das teorias sociológicas em debate – ESPP AU - Reis, Manuela PY - 2018 CY - Lisboa AB - “Eu não quero o presente, quero a realidade; Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede” Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos É sabida a “impopularidade” de que gozam as teorias no seio da formação sociológica de base. Sem antecipar os presumíveis factores determinantes de tal atitude – que caberá a este simpósio avaliar -, a outro nível, vale lembrar um texto de Madureira Pinto que há cerca de década e meia alertava para a tendência, na sociologia portuguesa, do abrandamento do investimento teórico com o recurso a modelos "prontos-a-usar" da sociologia empirista, enquanto efeito do aumento da procura social de conhecimento e da diminuição de financiamento da investigação científica (Pinto, 2004: 20). Outro trabalho, de mapeamento de cinquenta anos de investigação sociológica em Portugal, deixava evidente o extraordinário crescimento da sociologia em pesquisas empíricas recobrindo quase todos os domínios possíveis de investigação, ao mesmo tempo que tornava manifesta a escassez do campo de pesquisas sobre teorias, ainda que a reflexão de carácter epistemológico seja antiga na sociologia em Portugal, para não dizer mesmo fundadora da disciplina (Machado, 2009: 303). Em que edifício teórico se alicerça a visão sociológica do mundo e como a comunicamos, em síntese, aos estudantes no contexto da sua formação básica? Que princípios devem presidir ao processo de apropriação de instrumentos, como as teorias sociológicas, que possam revelar-se úteis e relevantes à sua prática científica, profissional e cidadã futura? Haverá “técnicas” para analisar a sociedade ou, antes, experimentação de modelos, formas de pensar concorrentes, com as quais vamos dialogando e afinando o conhecimento sobre a sociedade? Por outras palavras, devem os alunos ser socializados apenas na dimensão analítica (intemporal) das teorias, ou, sufragando a ideia de que o social só é inteligível numa “perspectiva multidimensional”, devem desde cedo familiarizar-se com o trabalho paciente de (re) interpretação de teorias passadas “como forma positiva de prosseguir no desenvolvimento da teoria sociológica” (Alexander, 1987: 380)? Eis alguns dilemas subjacentes à reflexão sobre as dificuldades no ensino de uma disciplina incorrigivelmente pluriparadigmática. Esta diversidade, para alguns, indiciadora da sua marginalidade no contexto de outras ciências sociais, para outros, tão-somente da sua especificidade, não teve até agora desfecho consensual. Comprovam-no incontáveis manuais que continuam a alimentar a exposição crítica de escolas, autores, períodos, mesmo aqueles onde se defende a convergência numa grande síntese teórica. Que fazer, então, a tal diversidade? Por mim, assumi-la e disponibilizá-la aos estudantes, comprometendo-os na ideia de que o conhecimento das cousas que existem se vai pacientemente construindo com recurso a essa mesma diversidade. ER -