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Almeida, P. (2013). Futebol, política e contestação social – a experiência da democracia corinthiana. II Congresso de História e Desporto.
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P. S. Almeida,  "Futebol, política e contestação social – a experiência da democracia corinthiana", in II Congr.o de História e Desporto, Lisboa, 2013
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TY  - CPAPER
TI  - Futebol, política e contestação social – a experiência da democracia corinthiana
T2  - II Congresso de História e Desporto
AU  - Almeida, P.
PY  - 2013
CY  - Lisboa
UR  - https://www.uc.pt/iii/ceis20/Parcerias/GHD/CongressoHD
AB  - Os primeiros trabalhos académicos sobre o fenómeno do futebol que surgiram na década de 1960, na Grã-Bretanha, abriram caminho a uma nova área de investigação. A partir da última década do século XX, os estudos estenderam-se a outras realidades empíricas com a publicação de trabalhos sobre as culturas de adeptos na Europa do Sul e na América Latina. Uma parte significativa da literatura especializada tem-se centrado nas questões de identidade e violência, embora nos últimos anos se tenham desenvolvido alguns trabalhos levados a cabo, sobretudo, por economistas que têm abordado a avaliação do impacto das políticas neoliberais na governação do futebol. Apesar da centralidade que o futebol ocupa na representação das culturas populares, nomeadamente na Europa e América Latina, os estudos académicos que exploram a relação entre política e futebol têm sido relativamente escassos. 
Assim, partindo deste défice teórico, esta comunicação procura analisar a relação entre futebol, política e contestação social, tendo como objecto de estudo empírico um movimento iniciado num dos maiores clubes do Brasil (Sport Club Corinthians Paulista) que veio a ser conhecido como a democracia corinthiana. Este movimento, considerado a experiência participativa mais importante na história do futebol brasileiro e, muito provavelmente, do futebol mundial, desafiou as estruturas hierárquicas do clube, instaurando um sistema democrático de participação e de decisão que envolveu todos os seus funcionários. A comunicação irá, assim, colocar em evidência a forma como a democracia corinthiana funcionava. O sistema de participação baseava-se, essencialmente, na discussão e no voto, tendo-se ambos tornados nas acções mais concretas deste movimento. 
No entanto, o grande impacto social que teve na sociedade brasileira deveu-se ao facto dos seus principais mentores terem participado activamente na contestação da ditadura, aglomerando junto de si largas dezenas de milhares de cidadãos.
Os autores que se têm debruçado sobre a relação entre futebol e política dividem-se entre duas perspectivas teóricas opostas: alguns encaram o futebol como um veículo de propaganda, ou seja, como forma de reprodução da ideologia e do pensamento político da classe dominante, outros defendem a ideia de que o futebol pode servir de plataforma de contestação social. Nesta comunicação, mostra-se que ambas as perspetivas não devem ser encaradas como excludentes, dependendo a sua aplicação da especificidade dos contextos históricos, dos actores envolvidos e da complexidade das relações sociais entre eles estabelecidas, tal como sobressai da análise comparativa do papel político do futebol em Portugal, Espanha e Brasil. 
A presente comunicação pretende ainda mostrar que a relação entre futebol e política é particularmente complexa no caso brasileiro. De facto, ao mesmo tempo que o futebol parece ter funcionado como uma espécie de cúmplice do regime, na medida em que os grandes sucessos da seleção brasileira foram aproveitados pelo poder político através de um discurso retórico no qual se realçava a ideia da ‘seleção do povo’, a experiência da democracia corinthiana veio a desafiar a ordem social e política estabelecida pelo regime militar. 

ER  -