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Pais, Pedro Caldeira (2022). As condolências no digital. Análise do discurso a obituários no Facebook de funerárias portuguesas. XII Congresso SOPCOM.
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P. M. Pais,  "As condolências no digital. Análise do discurso a obituários no Facebook de funerárias portuguesas", in XII Congr.o SOPCOM, Lisboa, 2022
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TY  - CPAPER
TI  - As condolências no digital. Análise do discurso a obituários no Facebook de funerárias portuguesas
T2  - XII Congresso SOPCOM
AU  - Pais, Pedro Caldeira
PY  - 2022
CY  - Lisboa
AB  - Surgida de um projecto de Tese acerca da morte no contexto da internet, em Portugal, esta comunicação debruça-se sobre a evolução necrológica e os obituários digitais, nomeadamente em redes sociais. Mais especificamente, foca-se na análise às reacções e comentários de condolências online no Facebook de funerárias locais portuguesas, que publicam os óbitos e dão espaço, na publicação, para reacções de utilizadores. Com este estudo, procura-se compreender as características discursivas deste tipo de comentários, o tipo de dinâmicas estabelecidas na relação virtual dos utilizadores para com o falecido e a família enlutada, e que impacto este discurso, produzido num contexto digital, poderá ter na evolução do conceito de memorialização.
A metodologia utilizada é a Análise do Discurso, tendo sido construído um modelo analítico que: i) identifica aspectos relativos à publicação obituária, como o número e tipo de reacções (e.g., likes), o número de comentários e de interacções entre utilizadores, ou o tipo de linguagem utilizada (e.g., utilização de emojis); e ii) explora os significados de determinados comentários, percebendo, entre outras coisas, que tipo de significação social – em relação ao morto – poderá ser produzida neste tipo de espaços. Foram analisadas as páginas de Facebook de cinco funerárias locais, que possibilitaram a análise de obituários em localidades específicas, nas quais os utilizadores que comentam tendem a conhecer o falecido por via do contacto físico na comunidade. O estudo reporta-se aos meses de Abril e Maio de 2021, analisando-se, de forma mais aprofundada, 30 publicações de óbitos.
Da análise, surgiram diversas conclusões. Desde logo, verifica-se uma tendência para a utilização de uma “linguagem digital” por parte dos utilizadores, nomeadamente com o uso recorrente de emojis para expressar as condolências, simplificando a comunicação e introduzindo uma dimensão visual à reacção; ademais, a própria linguagem dos utilizadores – diversas vezes com um uso incorrecto da língua portuguesa – parece apontar para uma certa informalidade destes memoriais, contrastando com a formalidade existente noutros espaços de função similar. Tendo em conta uma dimensão mais sociológica, ocorre diversas vezes, nos comentários, a produção de significação social relativamente à vida do morto – com o relato de uma história, alusões à profissão ou a contributos para a comunidade, elogios à personalidade, etc. –, sendo a caracterização social, profissional ou pessoal do indivíduo produzida quase exclusivamente pelos utilizadores, e não através de um texto de obituário publicado pela agência e pela família. Já no que concerne à não associação de quaisquer perfis em redes sociais do morto, no momento da publicação do óbito, isto promove a criação de uma identidade virtual do indivíduo por parte da funerária, aspecto relevante na evolução do conceito de “mortalidade híbrida” (relação entre o físico e o virtual) e na visão destes espaços necrológicos no Facebook como pontes entre a experiência comunitária e a dimensão digital.
De um modo geral, assiste-se assim a formas renovadas de produção de discursos de condolências, que poderão levar a uma reconfiguração de expectativas comunicacionais aquando da ocorrência deste tipo de acontecimentos, nomeadamente ao nível local.
ER  -