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Almeida, Maria Antónia & Faísca, Carlos Manuel (2023). Territórios do interior: as obras de hidráulica agrícola como solução para todos os males no passado e no futuro. 6º Encontro Anual de Economia Política. Dependências, Assimetrias e Territórios.
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M. A. Almeida and C. M. Faísca,  "Territórios do interior: as obras de hidráulica agrícola como solução para todos os males no passado e no futuro", in 6º Encontro Anual de Economia Política. Dependências, Assimetrias e Territórios, Vila Real, 2023
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TY  - CPAPER
TI  - Territórios do interior: as obras de hidráulica agrícola como solução para todos os males no passado e no futuro
T2  - 6º Encontro Anual de Economia Política. Dependências, Assimetrias e Territórios
AU  - Almeida, Maria Antónia
AU  - Faísca, Carlos Manuel
PY  - 2023
CY  - Vila Real
UR  - https://www.economiapolitica.pt/6ecpol
AB  - Desde o século XVII que as obras de hidráulica agrícola são apresentadas como a solução para todos os problemas do interior de Portugal. O regadio foi sucessivamente apresentado como uma das soluções para fixar populações no Alentejo, contribuindo para aumentar a produção agrícola e para a reforma fundiária. Estas propostas foram colocadas em prática com a construção de barragens a partir dos Planos de Fomento do Estado Novo, cujos objetivos incluíam a intensificação cultural, a concentração e promoção económica e cultural das populações, a eletrificação do país e o seu desenvolvimento industrial.
Apresenta-se o caso da Barragem do Maranhão, em Avis, no Alto Alentejo, cruzando-se os objetivos fixados e com a evolução demográfica, económica e social do concelho em que está inserida. A construção desta barragem foi uma das maiores obras de engenharia da sua época. Fixou a população rural, atrasando por alguns anos a inevitável emigração, criou emprego e aumentou os salários; viabilizou a instalação de indústrias devido à produção de energia elétrica e permitiu a introdução de culturas de regadio, como o tomate. Ocupa cerca de 2.000ha e irriga mais de 15.000ha de terra nos concelhos de Avis, Ponte de Sor, Mora, Coruche, Salvaterra de Magos e Benavente, ao longo de 124km. 
Após quase seis décadas a viabilizar a irrigação descrita, nos últimos anos esta albufeira deixou de o conseguir fazer, desde que os proprietários de Avis venderam ou arrendaram as suas terras a empresas de capital de risco maioritariamente espanholas que introduziram o olival superintensivo em vastas áreas do concelho, desrespeitando as distâncias estabelecidas pelo PDM em relação à linha de água e às habitações, e até mesmo o património silvícola protegido. Estas novas culturas são regadas em permanência, esvaziando a albufeira, especialmente nos períodos de seca, que se tornam cada vez mais comuns. Além de esgotarem a água, estes olivais poluem o ambiente com químicos, tanto pelo ar como contaminando as terras. Usam mão de obra estrangeira, precária e ilegal, em nada contribuindo para a economia local.
Atualmente o concelho de Avis é um território com fortes índices de despovoamento e envelhecimento da população, com índices de desenvolvimento abaixo da média nacional e com uma estrutura de propriedade latifundiária. Esta reflexão a partir da análise histórica é fundamental numa altura em que a construção de uma nova barragem é anunciada para a mesma região. Comparam-se os objetivos dos projetos e discute-se a viabilidade da sua concretização.

ER  -