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Saldanha, José Luís Possolo de (2022). Paulo Henrique de Carvalho e Cunha. Pioneiro do Planeamento Portuário. Lisboa. Canto Redondo.
J. L. Saldanha, Paulo Henrique de Carvalho e Cunha. Pioneiro do Planeamento Portuário, primeira ed., Lisboa, Canto Redondo, 2022
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TY - BOOK TI - Paulo Henrique de Carvalho e Cunha. Pioneiro do Planeamento Portuário AU - Saldanha, José Luís Possolo de PY - 2022 CY - Lisboa UR - https://www.espacolivro.eu/ AB - Paulo Henrique de Carvalho e Cunha foi um dos projectistas de arquitectura com mais obra construída em Portugal no século XX, desenvolvendo também uma prolífica carreira no planeamento urbanístico, sobretudo – mas não exclusivamente – ao longo da orla costeira do país, em resultado natural da sua condição de arquitecto dos quadros técnicos da Administração Geral do Porto de Lisboa (AGPL), durante a maior parte da sua carreira. No percurso profissional de Cunha, destacam-se a posição assumida - a par de António Macieira Lino – de adjunto do Arquitecto-Chefe da Exposição do Mundo Português, José Ângelo Cottinelli Telmo, em cujo contexto projectou o arranjo da Praça/Jardim Afonso de Albuquerque, de frente para o Palácio de Belém; a qualidade de fundador do ICAT (Iniciativas Culturais Arte e Técnica), em 1946; a função que desempenhou de secretário-geral do histórico 1º Congresso dos Arquitectos Portugueses, realizado em 1948 (figs.1 e 2 – 25 de Março de 1948 DIÁRIO DE LISBOA e CONGRESSO) ; a ascenção a membro do Conselho Superior de Obras Públicas, por concurso de Dezembro de 1971. Realizou ainda uma comunicação, designada “Aspectos que Urge Considerar na Evolução da Arquitectura Nacional”, dentro do Tema I, “A Arquitectura no Plano Nacional”, no Congresso de 1948 (Cunha, 1948). Paulo Cunha tem permanecido, contudo, estranhamente ignorado pela historiografia da arquitectura portuguesa, justificando-se assim o presente trabalho, iniciado no contexto do projecto de investigação “Grand Projects – Architectural and Urbanistic Operations after the 1998 Lisbon World Exposition”, tanto mais quando surge em resposta a oportuna iniciativa da Administração do Porto de Lisboa. A abordagem mais longa à obra desse arquitecto consiste em entrevista que lhe foi feita por Pedro Vieira de Almeida e Fátima Ferreira (Almeida & Ferreira, 1989), intitulada “O Pioneiro do Planeamento Portuário” (que cooptámos como subtítulo da presente publicação), no número 82 do Jornal dos Arquitectos (JA). Cunha é brevemente referido em tese doutoral de Margarida Sousa Lôbo, apresentada à Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e depois publicada no mesmo ano, onde foi incluída reprodução do Plano Geral de Arranjo do Plano da Quarteira (Sousa Lôbo, 1995:141-142) de que o biografado foi autor, em 1941. Um único dos edifícios que projectou é fichado, com o número S100091, no “Inquérito à Arquitectura do Século XX em Portugal”: o volumoso edifício do Cais 3, em Setúbal. Paulo Cunha tem ainda entrada na Wikipedia (que, contudo, não refere a data do seu óbito), enquanto o conjunto projectado por ele (e por Fernando Santos Silva, no tocante às obras de engenharia) para a Doca de Pedrouços, figurou em diversas publicações da Administração do Porto de Lisboa. Mereceu verbete no Dicionário de José Manuel Pedreirinho, publicado em 1994, cuja segunda edição inclui reprodução da planta de um plano (felizmente, não concretizado) que Cunha realizou no contexto de trabalho de planeamento para a Alburrica e Bico do Mexilhoeiro, no Barreiro, juntamente com o engenheiro Fernando Santos Silva. Nessa republicação (Pedreirinho, 2017:104-105), são já citadas Sousa Lôbo e Ana Vaz Milheiro. Milheiro baseou-se na entrevista de Vieira de Almeida e Fátima Ferreira, mas também em investigação própria sobre as realizações urbanísticas e arquitectónicas nas antigas colónias portuguesas em África, nomeadamente quanto à estadia de Paulo Cunha na Guiné-Bissau, e os projectos que para lá realizou (Milheiro, 2008:4-5; Milheiro, 2012:12). O currículo de 1968 de Cunha regista, de facto, actividades de projectista no Ultramar, entre 1943 e 1958 (Cunha, 1968 a:43). O seu certificado de vacinação contra a Febre-Amarela, na posse da sua família, foi-lhe passado pelo Instituto de Medicina Tropical a 31 de Janeiro de 1944, na qualidade de “Chefe da Brigada de Construção de Moradias de Funcionários, na Guiné”, confirmando a sua visita efectiva a esse território nesse ano, onde regressou, para concluir o trabalho, “em 1949, por intermédio da Direcção-Geral do Fomento Colonial” (Cunha, 1971:23). Permanecendo nesse país “desempenhando, no entanto, outros serviços de maior latitude, durante os restantes 6 meses da sua comissão de serviço”. Essas tarefas foram, aliás, objecto de notícia no jornal “Diário da Manhã”, de 20 de Junho de 1943 (fig.3). Os depoimentos recolhidos junto da sua filha, Helena Novais, o seu currículo e a entrevista publicada no JA, permitem alvitrar que Paulo Cunha teria uma personalidade essencialmente pragmática (note-se o relativo desinteresse que aparenta, perante a produção arquitectónica internacional), pouco propícia à exposição pública, em especial depois de 1948. Nesse ano, cumulativamente com a função de secretário-geral do Congresso dos Arquitectos Portugueses, Cunha foi delegado - juntamente com os engenheiros Fernando César dos Santos Silva (com quem desenvolveria diversas colaborações) e Fernando Schreck - da parte relativa à AGPL, incluída num dos três núcleos temáticos (designado “Hidráulica”) da Exposição “Quinze Anos de Obras Públicas”, patente ao público em 1948. Foi também autor desse projecto expositivo da AGPL, onde contou com participação do seu íntimo amigo, o decorador e artista Fred Kradolfer (Pascoal, 2020: 7). Por outro lado, a uma postura politicamente crítica de Paulo Cunha ao Estado Novo, parece ter sucedido uma disposição mais neutra e individual, sem envolvimento em iniciativas fracturantes, de base colectiva ou associativa, a partir do Congresso de 1948. Denotam-no, por exemplo, a concessão que mereceu do grau de Oficial da Ordem Militar de Cristo, em 4 de Março de 1941 - seguramente em consequência da sua participação na Exposição do Mundo Português – e do grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, em 16 de Julho de 1966 - certamente resultante da inauguração solene do Porto de Pedrouços, a 29 de Junho do mesmo ano (Comemorações, 1969:167), que a sua intensa e qualificada actividade de projectista justificaram, assim como justificam o presente livro. Em todo o caso, continuou a frequentar, embora de modo reservado, encontros de arquitectos (fig.4). Assentou assim a investigação que conduziu a esta publicação, sobretudo, na análise de fontes primárias, escritas e gráficas, tanto no arquivo à guarda da família de Paulo Cunha, disponibilizado à investigação pelos seus filhos – aos quais muito se agradece a generosidade da partilha (e esclarecimentos prestados) – como naquela conservada no excelente Arquivo dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sesimbra (APLSS), cabendo reconhecer o interesse e disponibilidade das respectivas Administrações, e das suas inestimáveis técnicas arquivistas. ER -
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