A invisibilidade das artistas negras no ensino da História da Arte – racismo e representações
Event Title
3rd Porto International Conference on Research in Education
Year (definitive publication)
2022
Language
Portuguese
Country
Portugal
More Information
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Abstract
A arte tem sido até recentemente um domínio masculino, branco e eurocêntrico. Observem-se os programas
e os livros escolares adotados, em Portugal, onde as mulheres europeias estão em reduzido número e
raramente são mostradas obras de mulheres artistas, da Ásia, de África ou da América Latina.
Esta constatação verifica-se também nas Histórias Gerais de Arte e nos Museus, em que a maioria das
obras representando mulheres são nus femininos, pintados e esculpidos por homens artistas, aparecendo as
mulheres não como artistas, mas como as modelos ou as musas dos homens na Arte.
Se as obras das mulheres artistas ocidentais, mesmo as contemporâneas, ainda estão sub-representadas,
as artistas negras estão invisíveis. Curiosamente, observa-se que nas Histórias de Arte só sobre Mulheres
Artistas, que começaram a ser publicadas desde os anos oitenta do século passado, só com raras exceções
são mencionadas artistas que nasceram e trabalharam em África ou que continuam ligadas às suas origens
africanas.
É contra esta situação de discriminação que os movimentos de mulheres de vários países se insurgiram
demonstrando que as mulheres negras estavam invisíveis na História da Arte.
Da América Latina, à Ásia, à África subsariana existe uma história própria das mulheres artistas, o que leva a
outras perspetivas, colocando em causa a hegemonia ocidental. Nos anos de 2000 ocorreu na Europa, um
reconhecimento das chamadas minorias étnicas e sexuais. Esta historiografia da arte transnacional levou à
denuncia do racismo e das desigualdades com que eram abordadas as questões das mulheres nas Artes.
Várias historiadoras e ativistas como Angela Davis, desde os anos de 1960 que explicaram e reivindicavam a
descolonização da cultura e das artes, daí a importância da inclusão de na educação das mulheres negras.
Esta conceção será importante para as mudanças de mentalidade sobre o corpo, as imagens e a beleza,
que em grande medida ainda atualmente está ligado ao belo das idealizações das mulheres no
Renascimento, tal como foram retratadas pelos artistas, numa perspetiva da beleza europeia e burguesa.
Na contemporaneidade, muitas artistas mulheres ligaram-se aos movimentos de mulheres, feministas,
anticolonialistas e realizaram uma arte comprometida politicamente com representações sobre as mulheres,
os legados da escravatura, das ditaduras, o tráfico de crianças e os diretos humanos. Estas temáticas
conduzem a problematizarmos que tipo de História de Arte se deve estudar no sentido de atingirmos a
igualdade e a cidadania com todos e todas as estudantes.
Conclui-se que há ainda uma grande invisibilidade de mulheres em geral e especialmente das artistas
negras na arte, sendo necessário mostrar e resgatar a história da vida quotidiana africana e das heranças
que conduziram ao colonialismo, ao racismo e à discriminação dos povos. Simultaneamente, urge dar voz e
espaço às obras das artistas realizadas nas perspetivas africanas, que lutam contra a hegemonia europeia
quer de um ponto de vista do sexismo, de classe ou dos feminismos. Só assim a História da Arte poderá ser
uma História transnacional acessível a todos os estudantes em prol de um ensino inclusivo e transnacional,
concretizando a cidadania ativa.
Acknowledgements
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Keywords
Arte,Mulheres artistas,Eurocentrismo,Racismo
Português