Este artigo é baseado na pesquisa etnográfica de mestrado em Antropologia Social e busca analisar o papel da globalização nas práticas da “ditadura do cabelo disciplinado” – a partir do conceito de superioridade do cabelo liso sobre o crespo – algo validado por cabeleireiros, consumidoras e pela mídia. Nestas práticas, foram observados dois rituais aos quais as mulheres se submetem, dependendo do seu tipo de cabelo original: o ritual de naturalização do cabelo e o ritual de purificação e ascensão do cabelo. Além de procedimentos químicos, uma das alternativas dos rituais é o uso de apliques de cabelo humano, especialmente os da Índia, obtidos em rituais de tonsura de templos hindus. O artigo descreve a trajetória destes cabelos, do sagrado ao profano: desde rituais religiosos até os salões de beleza, numa subversão do contexto religioso de fé, devoção e desapego à vaidade, movimentando mundialmente mais de 100 milhões de dólares por ano.

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Esta comunicação está associada ao registo seguinte:

• O que elas têm na cabeça?: O alisamento e o relaxamento de cabelo como performance identitária de mulheres cariocas brancas e negras.