O ruído ambiental, uma adversidade para o homem desde épocas recuadas (WHO, 1999), representa na contemporaneidade um aspeto que deve ser encarado como um dos problemas ambientais mais preocupantes (EEA, 2014). Maioritariamente prejudicial em zonas urbanas, possui como principais condicionantes a forte urbanização resultante do avanço tecnológico e industrial, a crescente procura de transportes motorizados, bem como, o ineficaz planeamento urbano (CE, 2011). Com o objetivo de contribuir para a resolução deste problema, esta comunicação foca precisamente no modo como o ruido ambiental poderá ser integrado no estudo da forma urbana, reforçando a importância do desenho urbano das cidades, uma vez que este é um dos principais fatores que condiciona a urbanização e a implementação dos avanços tecnológicos e mobilidade na cidade. Nesse sentido, esta comunicação expõe os resultados de uma investigação que, através de um exaustivo mapeamento do ruído, elaborou uma análise comparativa para aglomerados urbanos com mais de 250000 habitantes a nível Europeu. Esta investigação permitiu aferir que o ruído ambiental é um aspeto que tem condicionado o processo evolutivo das políticas ambientais, com consequências diretas nas diferentes opções de desenho urbano das cidades, conforme os resultados demonstrados pela investigação aqui aprestada. Finalmente, à escala do desenho urbano, mas aplicado especificamente no caso concreto da cidade de Lisboa, esta comunicação destaca a importância do processo de crescimento e desenvolvimento urbano e suburbano da cidade: 1) na existência e propagação do ruído; e 2) na influência direta da forma urbana neste processo. Esta comunicação conclui assim que a integração do ruido ambiental no estudo da forma urbana é central para a melhoria das condições de vida das populações. No entanto, apenas com o conhecimento das consequências que o ruído causa na cidade e a sua relação com a forma urbana, poderão aqueles que diretamente intervencionam no desenho urbano da cidade poder considerá-lo. Assim, espera-se que a presente comunicação permita indicar algumas linhas de abordagem que facilitem essa mesma integração, tendo em conta que o ruído apesar de não ser um elemento físico traduz-se no resultado da nossa forma de pensar e organizar a cidade e que afeta cada vez mais a nossa qualidade de vida.

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Cartografia, Lisboa, Morfologia Urbana, Ruído