O crescimento do comércio internacional e da circulação global de capitais a partir da década de 1840 foi sustentado no desenvolvimento de mecanismos transnacionais de circulação de dinheiro, como por exemplo as letras de câmbio. Se um negociante no Brasil pretendia levantar dinheiro para fazer um pagamento ou investir em Portugal, emitia uma letra de câmbio que seria descontada por um banco português que por sua vez coletaria o valor no Brasil cobrando para isso um juro de onde saía o seu lucro. O sucesso destas operações dependia de vínculos de confiança entre os atores envolvidos. Contudo, a falsificação de letras de câmbio por indivíduos percebidos nos meandros do comércio e da finança como respeitáveis e, portanto, “de confiança”, foi apontado como causa para a falência de diversos bancos e para a difusão de sentimentos de desconfiança e insegurança entre atores económicos nos dois lados do Atlântico. A partir da análise de imprensa generalista e especializada, mas também de casos judiciais no âmbito da justiça criminal e comercial, pretende-se analisar como os crimes financeiros ou de colarinho branco foram “descobertos” ao longo do século XIX.

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Crime de Colarinho Branco,Fraude,Antlântico Sul