Num caso de violência sexual, imaginamos a vítima do crime como uma mulher, feminina e indefesa, vitimizada por um homem por ela desconhecido. No entanto, quando a pessoa vitimizada não encaixa neste cenário, é muitas vezes socialmente estigmatizada. Este efeito pode ser analisado recorrendo à Moral Typecasting Theory, que postula que os actos morais compreendem um agente moral – o indivíduo que provoca a acção, sendo-lhe atribuído um estereótipo de alta competência e baixa sociabilidade – e um alvo moral – o indivíduo que sofre a acção, atribuindo-lhe alta sociabilidade e baixa competência. Nesta comunicação, será apresentado um estudo cujo objectivo é compreender se ocorre Moral Typecasting de pessoas vitimizadas e pessoas agressoras de casos de violência sexual, e se existe uma sobreposição entre estereótipos de género e estereótipos de pessoas vitimizadas e agressoras. São ainda manipuladas as dimensões, pertencentes ao Stereotype Content Model, de competência e sociabilidade da pessoa vitimizada. Desenvolvemos um estudo experimental, envolvendo participantes portugueses, maiores de idade, em que é apresentado um auto de denúncia fictício, com as informações sobre o sexo dos alvos rasuradas, pedindo aos participantes que descrevam os alvos e infiram o sexo dos mesmos, analisando as atitudes dos participantes para com a pessoa vitimizada e com a pessoa agressora. Os resultados serão discutidos à luz da Moral Typecasting Theory.

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