A pandemia de Covid-19 afetou drasticamente a sociedade numa escala planetária, tendo um impacto significativo para os estudantes internacionais. Em Portugal, o fechamento das instituições de ensino superior e a adesão ao ensino remoto de emergência transformaram o cotidiano de todo corpo estudantil. Este trabalho trata-se de um estudo qualitativo e tem como objetivo compreender as consequências deste novo formato de ensino na aprendizagem dos estudantes internacionais no território português. Foram realizadas 40 entrevistas semiestruturadas em profundidade (sendo 57% mulheres e 43% homens) e quatro grupos focais com 18 participantes no total (sendo 50% mulheres e 50% homens), com estudantes provenientes do Brasil, China, Palop e Síria. Estas metodologias englobaram uma ampla faixa etária que inclui jovens +20 até alunos mais experientes +50. Há alunos em diferentes ciclos de estudo de licenciatura, mestrado e doutorado, matriculados em diversas áreas de ensino em todo país. Nossos achados permitiram aferir que existe uma percepção de que as instituições de ensino superior portuguesas foram rápidas na migração para o ensino remoto de emergência. Entretanto, muitos desafios foram relatados pelos estudantes internacionais, como o aumento da carga de trabalho, dificuldades de concentração, problemas de conexão com a internet, além de exaustão e frustração. Por outro lado, muitos participantes declararam que o ensino remoto de emergência era mais cômodo, pois não existia a necessidade de deslocação casa-universidade-casa, além dos gastos com transporte e alimentação terem sido reduzidos. Apesar de necessário para enfrentar a pandemia, o ensino remoto de emergência proporcionado pelas instituições portuguesas ficou muito aquém do esperado, tendo sobrecarregado os estudantes internacionais numa altura em que este grupo já enfrentava diversas dificuldades para além da vida académica, como a perda de seus empregos, isolamento social e preocupação com familiares/amigos no país de origem, o que levou muitos ao estresse excessivo, ansiedade e depressão.

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

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