Neste artigo procura-se dar conta de alguns elementos empíricos e de um conjunto de considerações teóricas referentes a uma pesquisa sobre Alfama. Partindo-se da imagem do bairro tal como é produzida pelo discurso do exterior que o constitui em objeto "típico”, analisam-se os processos de produção de identidade fundados nos meandros da rede em que se entretecem as suas relações sociais. Discute-se a especificidade sócio-ecológica do bairro, os fenómenos demográficos, as atividades económicas e as práticas culturais, propondo-se a hipótese de que ali se origina um tecido social inegualitário (simbiose clientelista e conflitual de classes populares e grupos dominantes) do qual a identidade cultural alfamista é elemento constitutivo e forma de expressão.

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Identidade cultural; Desigualdades sociais; Bairro; Lisboa