Pretende-se aqui analisar a universalidade do espaço público habermasiano à luz do con?ito centrado na ética que tem vindo a polarizar o debate académico feminista. Os feminismos liberal e comunitarista revelam entendimentos diferenciados de “espaço público”, sendo que essa diferenciação está enraizada no modo distinto como a ética é encarada por essas duas correntes. Enquanto a perspectiva do feminismo liberal argumenta que o processo deliberativo que subjaz ao universalismo da esfera pública permite assumir o ponto de vista do nosso interlocutor, a perspectiva do comunitarismo feminista, representado pela corrente do feminismo radical, defende que tal imparcialidade apenas pode redundar numa visão “descorporalizada” e “desenraizada” de um “outro genérico” por oposição à de um indivíduo concreto. A ética da justiça advogada pelo feminismo liberal é assim contrastada com a ética do cuidado inerente ao feminismo comunitarista, incidindo esta última nos aspectos mais contextuais e intersubjectivos da história individual de cada um, permitindo dar voz ao indivíduo concreto em vez de ao “outro genérico”.

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Ética feminista,Espaço público,Media