A escassez de estudos publicados de História Administrativa de Portugal no século XX, em especial das estruturas e orgânicas de governo e gestão do bem público com impacto no ambiente construído, transforma em significativo desafio uma (aparentemente) simples investigação sobre a encomenda, desenho, realização e utilização de equipamentos de iniciativa e usufruto coletivos naquele período. Ao pretender reconstituir estes processos em Portugal e Espanha nas décadas de ditadura e transição democrática, como parte de uma nova história co-construída entre academia e cidadania com vista ao reforço da resiliência e sus- tentabilidade das comunidades, a iniciativa Arquitectura Aqui depara-se com a necessidade vital de compreender os circuitos da burocracia subjacente. Aquela arquitetura de proximidade e necessidade, feita quotidianamente em condições difíceis de carência e recursos mínimos, é explicada primeiramente pela pragmática económica, não pela estética. Resulta do esforço combinado de instituições e indivíduos, geralmente ancorado no papel materialmente (financeiramente) incontornável do Estado central. Esta comunicação pretende discutir como, na ausência de bases historiográficas, a iniciativa Arquitectura Aqui utiliza os arquivos em que está mergulhada para ensaiar uma proto-história da iniciativa, do financiamento e da realização de semelhantes estruturas na Península Ibérica. Especificamente, seguindo em Portugal o rasto do mecanismo-chave denominado Melhoramentos Urbanos e seus sucedâneos ao longo das décadas, evidencia-se como a investigação em arquivo complementa outras fontes consagradas (legislação, literatura) e, bidireccionalmente, o estudo desta orgânica administrativa pode esclarecer o paradeiro de documentação particularmente desprezada dos dois lados da fronteira.

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• Das escolas aos tribunais, os edifícios que unem comunidades (Público)