A Cultura e o Jornalismo têm andado de mãos dadas ao longo da História, desde a difu-são e crítica a obras literárias no século XVIII, passando pela origem de movimentos artísticos no século XX ou pela colaboração de algumas das personalidades artísticas incontornáveis espelhada nas páginas dos jornais. Tal como Mário Mesquita, referência nacional dos Estudos em Jornalismo, indica, toda a prática jornalística corresponde a escolhas culturais. Se, por um lado, o jornalismo está ligado ao culto da língua e da cultura portuguesas, por outro, o próprio jornalismo tam-bém é uma forma de conhecimento (Mesquita, 1998), uma forma de exploração, de descoberta, de desenvolvimento do espírito crítico e da(s) literacia(s). Assim, além de informar e dar a conhecer as mais variadas obras, artistas e correntes de pensamento, o Jornalismo Cultural possui uma natureza que se constitui como críti-ca, reflexiva e pedagógica, que orienta a mediação da cultura cívica e democrática. Co-mo é natural, tem sofrido mutações e transformações ao longo dos tempos, sendo que, hoje, se situa “num contínuo entre arte, cultura popular, lifestyle e consumo” (Kristen-sen, 2010). Nesta comunicação, procuramos entender os vários desenvolvimentos em torno das concepções e definições de Jornalismo Cultural, bem como as principais tendências que se têm manifestado. Pretendemos, por isso, reflectir sobre a realidade portuguesa des-ta especialização jornalística no séc. XXI. De um modo geral, podemos apontar como conclusão o desaparecimento da reflexão crítica e da dimensão formativa do Jornalismo Cultural no contexto nacional, substituída por abordagens superficiais, festivas e ligeiras das obras, bens e artistas.

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