Em Junho de 2014, apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através da atribuição de uma bolsa de pós-doutoramento, dei início a um plano de trabalhos intitulado “A Maternidade Naturalizada como nova conceção de cidadania: adesão e controvérsia em Portugal e Espanha.” Desde a sua formulação, este projeto teve como objetivo central contribuir para a problematização dos fenómenos de neotradicionalismo e de naturalismo associados aos discursos e à experiência de ser mãe na contemporaneidade. Nesse caminho, propus-me, por um lado, compreender como é que o naturalismo, enquanto referencial ético e normativo da contemporaneidade, se expressa no domínio da maternidade (gravidez, parto e cuidado com os filhos); e por outro, perceber potenciais consequências dessas escolhas para as relações entre homens e mulheres na família. Para além de pretender dar um contributo para a definição/visibilização de um modelo particular de parentalidade e para a sua interseção com os temas de género, nesta apresentação vou falar do trabalho que tem vindo a ser feito, das etapas da pesquisa e de alguns dos resultados entretanto já obtidos. Neste sentido, o objetivo consiste em traçar o roteiro da investigação e, através dele, lançar algumas pistas para repensar as experiências de maternidade e de criação dos filhos na contemporaneidade.

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