A rápida transformação tecnológica é uma realidade dos nossos dias. No sector do retalho, a face mais evidente desta ‘tecnologização’ é um novo modelo de loja que os media comummente designam por “lojas autónomas”, espaços em que as interações dos clientes com os produtos são rastreadas e processadas através de uma infraestrutura tecnológica que combina sensores, câmaras e algoritmos com vista à eliminação das caixas de pagamento e das respetivas filas. O racional que lhes subjaz é de um consumidor “sem tempo” e que pretende uma jornada de compra com a menor “fricção” possível. Que visões do mundo são construídas para justificar o desenvolvimento destas lojas? Que futuros são imaginados tendo por base a adoção em larga escala destes novos formatos para o retalho? Para responder a estas questões, realizámos um conjunto de 16 entrevistas a atores envolvidos no universo das lojas autónomas em Portugal - um universo que inclui developers, clientes (neste caso, os retalhistas) e entidades financiadoras. Os resultados permitem-nos lançar alguma luz sobre alguns dos principais conceitos que surgem associados a estas lojas, como os de autonomia e inteligência, assim como sobre as visões projetadas pelos diversos atores envolvidos para sustentar estes novos caminhos de desenvolvimento.

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