Comunicação em evento científico
As condições sociodemográficas e assistenciais da fecundidade em Portugal: definição de perfis sociais da população fecunda
Sónia Pintassilgo (Pintassilgo, S.); Mário Bandeira (Bandeira, M.); Helena Carvalho (Carvalho, H.);
Título Evento
Congresso Português de Sociologia: 40 anos de democracia(s), Progressos, contradições e prospetivas.
Ano (publicação definitiva)
2014
Língua
Português
País
Portugal
Mais Informação
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Abstract/Resumo
Nas últimas décadas Portugal assistiu a uma quebra significativa dos níveis de fecundidade, atestada pelos indicadores de calendário e intensidade do fenómeno. Uma evolução estudada, documentada e substantivamente suportada, em diferentes domínios das ciências sociais (Bandeira, 1996; Almeida, 2002, 2004; Cunha, 2005; Mendes, 2006; Oliveira, 2007), que não aconteceu de forma linear se considerarmos as características da população fecunda, nas suas diferentes dimensões. Nesse sentido, o artigo que se apresenta propõe uma análise dos contextos sociodemográficos e conjugais em que se nasce actualmente em Portugal e a posterior aferição das condições assistenciais dos nascimentos que esses contextos enquadram. A diferenciação dos contextos assistenciais do nascimento, eventualmente determinados pelos perfis sociais da população fecunda, sugere como hipótese que a forma como se nasce não será resultado, apenas, de factores meramente naturais, biológicos ou fisiológicos, mas também definida pela pertença a determinado perfil social, na medida da indissociabilidade entre os processos sociais e a estrutura social determinante das características dos seus protagonistas (Costa, 1999). Foram utilizadas como fontes de informação as bases de dados dos nados-vivos ocorridos em Portugal referentes ao período de 1990 a 2010, disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Estatística. Os dados foram trabalhados com recurso à análise demográfica e análise quantitativa multivariada. No âmbito desta última, recorreu-se à Análise de Correspondências Múltiplas (ACM) (Carvalho, 2008) no sentido de analisar as associações privilegiadas entre as múltiplas categorias dos indicadores (variáveis) em análise e, dessa forma, aferir sobre as configurações que sustentam os potenciais perfis sociais da população fecunda. No contexto de uma fecundidade com intensidades mais reduzidas e calendários mais tardios, protagonizada cada vez mais por população socialmente favorecida, os resultados apontam para a existência de perfis sociais da população fecunda associados a padrões assistenciais específicos no nascimento. Nesse sentido, a posição social elevada (determinada pelas habilitações e pelo indicador socioprofissional individual de classe) revela-se um recurso privilegiado para o acesso a uma assistência fortemente medicalizada e normalizada da gravidez e do parto.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave