Comunicação em evento científico
Reflexão sobre o idadismo no estudo da adoção e utilização da Internet pela população mais velha
Catarina Rebelo (Rebelo, C.);
Título Evento
10 Congresso SOPCOM
Ano (publicação definitiva)
2017
Língua
Português
País
Portugal
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Abstract/Resumo
Esta investigac?ão tem como objetivo discutir a importa?ncia do idadismo, ou “ageism” (Butler, 1969), no quadro do estudo da relac?ão das pessoas mais velhas com as tecnologias da informac?ão e da comunicac?ão. Propomo-nos apresentar o conceito e refletir sobre a sua influe?ncia quer no processo de adoc?ão das tecnologias digitais, quer na utilizac?ão da tecnologia pela populac?ão sénior. Além disso, pretendemos também refletir, à luz da ideia de idadismo, sobre a problemática intrínseca ao estudo das pessoas mais velhas como um grupo social e sobre possíveis abordagens para fazer face a este desafio. O interesse sobre a relac?ão das pessoas mais velhas com as tecnologias da informac?ão e da comunicac?ão multiplicou-se nos últimos anos, acompanhado por um significativo aumento dos estudos dedicados ao tema. A exclusão digital que afeta a populac?ão sénior, o afastamento das pessoas mais velhas da utilizac?ão das tecnologias digitais, é a base de fundamentac?ão de muitos destes estudos. Os dados sobre a utilizac?ão da Internet (Eurostat 2015) mostram uma clara exclusão digital da populac?ão sénior fazendo da idade uma das principais configurac?ões da exclusão digital dentro das sociedades. Tal exclusão tem importantes conseque?ncias quer para os indivíduos excluídos quer para as sociedades que estes integram. Especialmente se atendermos ao facto de as sociedades mediadas por tecnologia em todas as esferas da vida, em que hoje vivemos, serem, concomitantemente, sociedades envelhecidas e que enfrentam um processo global de intensificac?ão do envelhecimento da populac?ão (ONU, 2015). Por outro lado, o idadismo, no que concerne às pessoas mais velhas, é um conceito com crescente releva?ncia em áreas como a gerontologia social e em estudos de outras áreas do conhecimento que se dedicam ao envelhecimento e à populac?ão sénior. O idadismo pode ser definido como “estereótipos negativos ou positivos, preconceitos ou discriminac?ão contra (ou em benefício de) pessoas idosas com base na sua idade cronológica ou na percec?ão destas serem ‘velhas’ ou ‘idosas’. O idadismo pode ser implícito ou explicito e ser expresso em níveis micro, meso e macro.” (Iversen, Larsen & Solem, 2009, p. 15). Mas é também definido como um “processo constitutivo e contínuo no qual todos estamos envolvidos” (Snellman, 2016, p.153). É nesta perspetiva que pretendemos olhar para a sua influe?ncia na adoc?ão e na utilizac?ão dos mais velhos das tecnologias digitais. Uma vez que a exclusão digital sénior, sendo influenciada por uma intercec?ão de várias variáveis sócio-demográficas e sócio-culturais, poderá ter também uma expressiva influe?ncia do idadismo enquanto variável sócio-cultural. Particularmente através de um processo descrito na literatura como “estereótipos implícitos sobre si próprio relacionados com a idade” (Gendron et al., 2015; Levy & Banaji, 2002; Levy, 2001) e que se refere ao processo de internalizac?ão pelas pessoas mais velhas de estereótipos idadistas influenciando a sua percec?ão sobre a populac?ão sénior. Neste caso, sobre as pessoas mais velhas e a tecnologia e a ideia de que esta não é para a sua idade ou que não tem interesse para as suas vidas, que são algumas das razões apontadas pelos mais velhos como razões para a não utilizac?ão. (Dias, 2012; Lugano & Peltonen, 2012; Eynon & Helsper, 2010; Morris et al., 2007; Selwyn et al., 2003). Além disso, tendo por base uma das formas mais identificadas de idadismo, a ideia de que as pessoas mais velhas são parecidas ou homogéneas (Gendron et al., 2015; Levy, Chung, Bedford & Navrazhina, 2013; Bytheway, 2005; Kelchner, 2000) intrínseco a estudar a populac?ão sénior como um grupo. Discutindo, como forma a responder a esse desafio, a utilidade da abordagem das histórias de vida e o papel da identidade geracional no acautelar do reconhecimento da heterogeneidade do objeto de estudo. A abordagem das histórias de vida, por permitir ter em conta a diversidade dos longos percursos de vida, os quais fazem com que este grupo etário seja ainda mais heterogéneo do que os restantes (Dannefer, 1988 em Loos, 2012). E a identidade geracional, pela possibilidade de funcionar como uma variável de condicionamento da identidade e funcionar como uma subcultura na forma de consumo, interpretac?ão e domesticac?ão dos media (Aroldi & Colombo, 2007), permitindo interpretar padrões de comportamentos em relac?ão aos media entre a populac?ão mais velha.
Agradecimentos/Acknowledgements
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Palavras-chave
Utilização da Internet,população sénior,exclusão digital,idadismo