O risco de violência no trabalho é mais elevado em certas categorias de trabalhadores ou profissões, como é o caso do trabalho doméstico, maioritariamente feminino, sendo as trabalhadoras domésticas frequentemente vulneráveis a abusos de natureza diversa. Este trabalho visa analisar os abusos no trabalho doméstico em Portugal, onde a investigação é escassa. Para tal, utiliza dados de uma amostra de trabalhadores domésticos (n=684), recolhidos em 2010. No estudo empírico aplica-se uma análise de correspondências múltiplas, seguida de uma análise de clusters para identificar tipos de abusos. A evidência empírica revelou a existência de dois tipos de abusos, designadamente múltiplos abusos, incluindo maus- tratos e também assédio psicológico e sexual; e abusos laborais, relacionados com contratos e salários. Existe um segmento de trabalhadoras que não reporta qualquer tipo de abusos. Os resultados encontrados sugerem que as migrantes, em particular as mulheres brasileiras, enfrentaram todos os tipos de abusos e que os cuidadores de idosos são frequentemente vítimas de múltiplos abusos. Deve ainda sublinhar-se que as cuidadoras de crianças e trabalhadoras detentoras da chave de casa tendem a reportar abusos laborais. A questão de confiança por parte dos empregadores parece ser um fator importante que protege as trabalhadoras domésticas de violência no trabalho.

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Trabalhadoras domésticas,Abuso e assédio,Informalidade,Migrantes