Em Portugal, a crise económica vivida nos últimos anos foi marcada por um crescimento drástico do desemprego, assistindo-se também a uma intensificação dos conflitos sociais. Sendo claro que a escalada do desemprego terá desempenhado um papel decisivo, é a precariedade que tem sido tanto ou mais destacada como elemento chave das reivindicações expressas no protestos. Além disso, as pessoas desempregadas não se terão afirmado, de forma decisiva, como actor colectivo neste ciclo de mobilização. Nesta aula, pretende-se apresentar a pesquisa que tem sido desenvolvida no âmbito da pesquisa “Acção colectiva de pessoas desempregadas”. Numa primeira parte, será abordada umas das razões que habitualmente tem sido apontada para explicar estas dificuldades de mobilização e que pode ser formulada como o problema da acção colectiva das pessoas desempregadas: a sua posição, mais do motivar para assumir publicamente a sua situação - da qual gostariam escapar -, iria encorajá-las a concentrarem-se na procura de emprego ou, pelo menos, a se abrigarem em estratégias de sobrevivência imediata. Partindo da análise deste problema serão exploradas algumas das questões associadas e, em particular, as relacionadas com as políticas económicas, a protecção sociais e os seus impactos nas dinâmicas de conflito laborais. Numa segunda parte, será apresentada a componente empírica desta pesquisa, o seu desenho assim como alguns dos problemas práticos e epistemológicos associados à estratégia metodológica adoptada – investigação acção participativa.

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